Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de junho de 2025
O Irã prometeu nessa quinta-feira (12) aumentar “significativamente” sua produção de urânio enriquecido, a três dias antes de uma nova rodada de negociações com os EUA sobre seu programa nuclear, marcada para domingo (18) em Omã. De acordo com o presidente americano, Donald Trump, os dois países estão próximos de um acordo, mas dependem de que Israel, aliado dos EUA, não vá adiante com os planos de atacar o território iraniano.
“Eu não quero que eles (Israel) invadam, porque acho que vai botar tudo a perder”, disse Trump a jornalistas.
A declaração contradiz o que o próprio Trump disse em um podcast publicado horas antes, no qual declarou estar “menos confiante” quanto às chances de um acordo que limite a capacidade do Irã de desenvolver armas nucleares.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Irã, a agência atômica nacional emitiu “as ordens necessárias” para “inaugurar um novo centro de enriquecimento de urânio em um local seguro”. A medida foi anunciada logo após um conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, adotar uma resolução que condena o Irã e o acusa de não cumprir suas obrigações
O país do Oriente Médio também vai substituir todas as suas centrífugas de urânio de primeira geração por dispositivos de sexta geração no centro de enriquecimento de Fordow, ao sul de Teerã, disse Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã.
“Isso significa que nossa produção de material enriquecido aumentará significativamente”, disse Kamalvandi à TV estatal.
Negociações
Nos últimos dias, o enriquecimento de urânio voltou ao centro da mesa de negociações com os EUA sobre o programa nuclear iraniano, que é acusado há anos por potências militares de todo o mundo de ter o objetivo de produzir bombas atômicas. Teerã nega veementemente as acusações, alegando que seu programa nuclear é puramente civil.
Em Viena, o conselho de governadores da AIEA adotou por 19 votos, de um total de 35, uma resolução condenando o “não cumprimento” das obrigações nucleares do Irã, informaram fontes diplomáticas à AFP. O diretor do programa nuclear do Irã, Mohamad Eslami, classificou a resolução como “extremista” e a atribuiu à influência de Israel. A República Islâmica afirma que o enriquecimento de urânio é “inegociável”, enquanto Washington o considera uma “linha vermelha”.
O Irã está atualmente enriquecendo urânio a 60%, bem acima do limite de 3,67% estabelecido no acordo firmado com os EUA em 2015, mas ainda abaixo dos 90% necessários para fabricar uma bomba atômica.
A União Europeia pediu ao Irã que “evite qualquer medida que contribua para uma escalada”, enquanto a França criticou a contínua “escalada nuclear do Irã”.
Desde abril, Teerã e Washington realizaram cinco rodadas de negociações para tentar chegar a um acordo para reativar o pacto internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, do qual o primeiro governo Trump se retirou em 2018.
Como parte da pressão, o Irã alertou que atacaria bases americanas no Oriente Médio caso as negociações com Washington fracassassem. Horas depois, Trump confirmou a retirada de pessoal americano da região, afirmando que “poderia ser um lugar perigoso” nos próximos dias.
Nessa quinta, no entanto, o presidente americano afirmou ter convencido o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a não atacar as instalações nucleares do Irã — país que tem patrocinado inimigos regionais de Israel como o Hezbollah, no Libano; os Huthis, do Iêmen; e o Hamas, na Palestina.
Mas embora aberto a um acordo, Trump nunca parou de ameaçar com uma ação militar caso as negociações com Teerã fracassem. Em 31 de maio, após a quinta rodada de negociações, o Irã afirmou ter recebido “elementos” de uma proposta americana para um possível acordo, embora o Ministério das Relações Exteriores tenha posteriormente esclarecido que o texto continha algumas “ambiguidades”.
O Irã acrescentou que apresentará uma contraproposta ao último rascunho de Washington, que criticou por não oferecer alívio das sanções econômicas que o país sofre há anos.O levantamento das sanções é uma das principais reivindicações do Irã. (Com informações do jornal O Globo e da agência AFP)