Segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2017
O Relator da CPI do BNDES, Roberto Rocha (PSB-MA), afirmou nessa terça-feira (15) não ter “dúvida” de que os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, serão chamados a prestar esclarecimentos à comissão. Rocha deu a declaração após apresentar à CPI o cronograma de trabalho do grupo. Criada em maio deste ano, a Comissão Parlamentar de Inquérito apura supostas irregularidades em empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Não tenho dúvida que, pelo que já me falaram vários colegas senadores, que os irmãos Batista serão convocados ou convidados a prestar os esclarecimentos. Acredito que eles são os mais interessados em fazer isso”, declarou Roberto Rocha nesta terça. Segundo relatos dos delatores, o grupo corrompeu políticos para ter incentivos fiscais e conseguir dinheiro no BNDES e nos fundos de pensão.
Questionado sobre se avalia que a presença dos delatores pode prejudicar o governo, Roberto Rocha disse que ouvir os donos da JBS poderá ser “bom” para o Palácio do Planalto. “Acho que não será ruim para o governo. Acho que, se é bom para o País, é bom para o governo”, avaliou o senador.
Plano de trabalho
Roberto Rocha apresentou nesta terça à CPI o plano de trabalho. Pela proposta apresentada, as atividades serão realizados em três fases:
21 a 31 de agosto: audiências públicas;
1º a 30 de setembro: tomada de depoimentos;
Data a definir: apresentação e votação do relatório.
As reuniões acontecerão às terças e quartas-feiras, no período da tarde.
Faturamento
A JBS se tornou a maior empresa de carnes do mundo com o apoio do BNDES. O faturamento da companhia saltou de R$ 4 bilhões para R$ 170 bilhões entre 2006 e 2016, impulsionado por aquisições, como a compra do frigorífico Bertin e das empresas americanas Swift e Pilgrim’s Pride, financiadas pelo BNDES.
Outras empresas do grupo também se beneficiaram do apoio do BNDES. A Eldorado recebeu um financiamento de R$ 2 bilhões para construir sua nova fábrica, em Três Lagoas. “Só por conta dele que saiu”, disse Joesley, em referência a Guido Mantega.
A aproximação com Mantega começou em 2005, quando ele ainda era presidente do BNDES. Nessa época, a JBS apresentou seu plano de internacionalização e pediu apoio ao banco. Desde o primeiro empréstimo, um crédito de US$ 80 milhões para a compra da Swift Argentina, em 2005, houve pagamento de propina, relata Joesley.
Mantega foi para o Ministério da Fazenda em 2006 e Luciano Coutinho assumiu a presidência do BNDES. Mesmo após a troca de comando no banco estatal, Joesley relata que sempre tratou de trâmites no banco com Mantega.
“Tinha vezes que era constrangedor que eu ia em uma reunião com o Guido, o Luciano tava. E eu percebi que o Luciano ficava claramente constrangido porque ficava parecendo que ele não sabia que eu ia chegar na reunião, sabe?”, disse Joesley.
Em paralelo às negociações com Mantega, a JBS entrava com o processo no BNDES por meio do trâmite normal. Joesley reclamou em vários momentos da dificuldade de obter crédito no BNDES e chegou a afirmar que tinha mais dificuldades em aprovar projetos do que seus concorrentes.