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Por Redação O Sul | 17 de março de 2021
Pesquisadores de Israel revelaram na terça-feira a descoberta de dezenas de fragmentos de manuscritos encontrados no Deserto da Judeia, no Mar Morto. O tesouro arqueológico contém textos bíblicos que datam de 2 mil anos atrás, além de artefatos que lançam luz sobre a história do judaísmo, da vida cristã primitiva e da história antiga.
Os fragmentos são os primeiros desenterrados em escavações arqueológicas no Deserto da Judeia nos últimos 60 anos. Eles foram encontrados como parte de um projeto israelense para evitar saques de antiguidades em cavernas do deserto, que se estende até a fronteira com a Cisjordânia ocupada.
O projeto resultou em outros achados feitos nos últimos anos e só revelados agora, incluindo uma grande cesta trançada com uma tampa que foi datada de aproximadamente 10.500 anos atrás e pode ser a mais antiga cesta intacta em tecido do mundo. Encontrada enterrada, ela não parece muito diferente das cestas que são vendidas nas lojas de hoje, mas data do período neolítico pré-cerâmica. “Estávamos muito curiosos para ver o que havia dentro quando abrimos a tampa”, disse Naama Sukenik, curadora da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA). “Mas estava vazia, exceto por um pouco de areia.”
Escrito principalmente em grego, o rolo recém-revelado contém partes do livro dos 12 Profetas Menores, os doze últimos Livros proféticos do Antigo Testamento, Zacarias e Naum, disse Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA).
Os especialistas conseguiram reconstruir 11 linhas do texto de Zacarias: “Estas são as coisas que vocês devem fazer: falem a verdade uns para os outros, façam justiça verdadeira e perfeita em seus portões. E não semeiem o mal contra os outros, e não amem o perjúrio, porque todas essas são coisas que eu odeio – declara o Senhor.” Oren Ableman, membro da IAA, descreveu os artefatos como “outra pequena peça do quebra-cabeça do passado”.
A Autoridade também disse que, embora o novo pergaminho seja escrito principalmente em grego, o nome de deus, Yahweh, aparece em antigas letras hebraicas típicas do período do chamado primeiro templo, ou Templo de Salomão, construído no século 11 antes de Cristo.
É provável que a nova descoberta seja uma parte ausente de um pergaminho dos Profetas Menores descoberto em 1952, que inclui a profecia de Miquéias sobre o Fim dos Dias e a ascensão de um governante de Belém.
Os Manuscritos do Mar Morto são considerados uma das descobertas arqueológicas mais importantes de todos os tempos, porque incluem textos religiosos em hebraico, aramaico e grego, assim como a versão mais antiga conhecida do Antigo Testamento. Foram escritos por volta do terceiro ou segundo século antes de Cristo até primeiro século depois de Cristo, de autoria desconhecida.
Apenas alguns dos cerca de 900 encontrados estão mais ou menos completos. O resto está danificado e fragmentado. No entanto, o estudo dos pergaminhos foi possível, inclusive graças à restauração meticulosa. Sabe-se que eles contêm as primeiras versões conhecidas de muitos textos bíblicos, apócrifos religiosos, comentários e manuscritos místicos.
As condições áridas do deserto forneceram um ambiente único para a preservação de artefatos e materiais orgânicos que normalmente não teriam resistido ao tempo. Os fragmentos mais recentes vêm de um pergaminho que foi descoberto pela primeira vez na chamada Caverna do Horror, perto de Ein Gedi. Escrito em grego por dois escribas, data do período da revolta de Bar Kokhba, quase 1.900 anos atrás, quando rebeldes judeus fugiram com suas famílias e se esconderam dos romanos nas cavernas – onde morreram de fome.
A principal teoria é de que os pergaminhos não foram escritos por um único povo, alguns são em hebraico, alguns em aramaico e alguns em grego. O mais novo pergaminho a ser encontrado, ou melhor, seus fragmentos, está em grego, disse o IAA.
“Pela primeira vez em quase 60 anos, as escavações arqueológicas revelaram fragmentos de um pergaminho bíblico”, afirma a Autoridade de Antiguidades de Israel em um comunicado.
O material foi encontrado durante escavações em uma caverna em um penhasco na reserva natural Nahal Hever, no âmbito de uma campanha para combater o saque de patrimônio.
Para realizar a operação, que se estendeu pela parte do deserto da Judeia localizada na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, a IAA forneceu aos arqueólogos drones e equipamentos de montanha, incluindo cordas para descida de rapel. As informações são dos jornais O Estado de S. Paulo e The New York Times e das agências de notícias AFP e Reuters.