Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2025
O conclave que vai escolher o novo papa começa na quarta-feira (7), no Vaticano. A votação reunirá 133 cardeais com menos de 80 anos. Na lista de favoritos para vencer a eleição estão italianos, um americano e até mesmo um brasileiro.
A disputa pela liderança do catolicismo ocorre em meio à expectativa sobre os rumos da instituição após o papado de Francisco. Nos últimos 12 anos, o pontífice ficou conhecido por promover reformas, além de ter se aproximado minorias e ter feito uma Igreja mais voltada aos pobres.
Francisco morreu no dia 21 de abril, aos 88 anos. Desde então, a Igreja está no período de Sé Vacante, ou seja, sem um papa. A expectativa é que um novo líder seja eleito nos próximos dois dias.
Os favoritos ao cargo máximo da Igreja Católica representam uma diversidade de regiões e correntes internas: há nomes ligados ao legado de Francisco, com postura mais progressista, e também figuras de perfil mais conservador.
Confira a seguir alguns nomes.
Jean-Marc Aveline, França
Jean-Marc Aveline é conhecido em alguns círculos católicos como “João XXIV”, em referência à sua semelhança com João XXIII, o papa reformador de rosto redondo do início dos anos 1960.
Aveline é conhecido por sua natureza simples e descontraída, sua facilidade para fazer piadas e sua proximidade ideológica com Francisco, especialmente em relação à imigração e às relações com o mundo muçulmano.
Ele também é um intelectual sério, com doutorado em teologia e graduação em filosofia.
O arcebispo nasceu na Argélia em uma família de imigrantes espanhóis que se mudaram para a França após a independência da Argélia, e viveu a maior parte de sua vida em Marselha.
Sob o comando de Francisco, Aveline fez grandes progressos na carreira, tornando-se bispo em 2013, arcebispo em 2019 e cardeal três anos depois.
O nome dele foi impulsionado em setembro de 2023, quando organizou uma conferência internacional da Igreja sobre questões mediterrâneas, na qual o papa Francisco foi o convidado principal.
Péter Erdo, Hungria
Erdo, de 72 anos, já era um dos candidatos ao pontificado no conclave de 2013, graças aos seus amplos contatos com a Igreja na Europa e na África. Ele também se destaca por ser visto como um pioneiro do movimento da Nova Evangelização para reacender a fé católica em nações avançadas secularizadas — uma prioridade para muitos cardeais.
O religioso é considerado conservador em teologia e, em discursos por toda a Europa, enfatiza as raízes cristãs do continente. No entanto, também é visto como pragmático e nunca entrou em conflito abertamente com Francisco, ao contrário de outros clérigos de mentalidade tradicional.
Apesar disso, Erdo causou surpresa no Vaticano durante a crise migratória de 2015, quando foi contra o apelo do papa Francisco para que as igrejas acolhessem refugiados, dizendo que isso equivaleria a tráfico de pessoas — aparentemente se alinhando com o primeiro-ministro nacionalista da Hungria, Viktor Orban.
Pietro Parolin, Itália
Favorito dos apostadores, aos 70 anos, Parolin foi diplomata da Igreja durante a maior parte de sua vida e serviu como secretário de Estado do papa desde 2013, ano em que Francisco foi eleito.
O cargo é semelhante ao de um primeiro-ministro, e os secretários de Estado são frequentemente chamados de “vice-papas” porque estão em segundo lugar, depois do pontífice, na hierarquia do Vaticano.
Parolin atuou anteriormente como vice-ministro das Relações Exteriores do papa Bento XVI. Em 2009, foi nomeado embaixador do Vaticano na Venezuela, onde defendeu a Igreja contra as iniciativas do então presidente Hugo Chávez para enfraquecê-la.
Joseph Tobin, Estados Unidos
Aos 73 anos, se eleito, Tobin será o primeiro pontífice da história nascido nos Estados Unidos — e também o primeiro vindo de um país sem maioria católica na era moderna. O americano é o mais velho de 13 irmãos e afirmou ser um alcoólatra em recuperação.
O religioso é conhecido por sua atitude de abertura em relação às pessoas LGBTQIA+, tendo escrito em 2017 que “em muitas partes da nossa igreja, pessoas LGBTQIA+ foram levadas a se sentirem indesejadas, excluídas e até mesmo envergonhadas”.
Leonardo Ulrich Steiner, Brasil
Steiner tem 74 anos. Natural de Forquilhinha (SC), foi considerado pelo Vaticano o primeiro cardeal da Amazônia.
Estudou Filosofia e Teologia no convento dos Franciscanos de Petrópolis e é bacharel em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena. Também é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma.
Foi ordenado sacerdote em janeiro de 1978, em Forquilhinha. Após isso, por causa da formação em Pedagogia, atuou em vários projetos de educação. Entre 1999 e 2003, foi secretário-geral do Pontifício Ateneu Antoniano, em Roma. Ao voltar ao Brasil, foi nomeado vigário da Paróquia do Senhor Bom Jesus, em Curitiba. Em fevereiro de 2005, foi nomeado bispo pelo Papa João Paulo II e assumiu a Prelazia de São Félix do Araguaia (MT).
Em 2011, foi eleito secretário-geral da CNBB e, no mesmo ano, nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília pelo Papa Bento XVI.
Em 2019, tornou-se arcebispo de Manaus e, três anos depois, foi criado cardeal pelo papa Francisco.