Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de setembro de 2018
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, disse na terça-feira (4) que o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, “já pegou fogo” e que, embora tenha “Messias” no nome – ele se chama Jair Messias Bolsonaro – não tem “como fazer milagre”. “Já está feito, já pegou fogo, quer que faça o quê? O meu nome é Messias, mas eu não tenho como fazer milagre”, ironizou.
Ele deu a declaração ao ser questionado por jornalistas na saída de uma comissão na Câmara dos Deputados, onde é parlamentar, sobre as propostas para a manutenção do patrimônio histórico do País.
No domingo (2), um incêndio de grandes proporções consumiu todo o interior do prédio do Museu Nacional. O acervo contava com mais de 20 milhões de itens.
Na terça, Bolsonaro atribuiu o episódio à indicação política para os cargos de comando do museu.
“A administração toda é de gente filiada ao PSOL e ao PCdoB. A indicação política leva a isso. Os partidos se aproveitam, vendem seu voto aqui dentro [da Câmara] como regra para que a administração seja deficitária e lucrativa para eles, individualmente”, afirmou.
A escassez de verbas federais para a manutenção do museu é apontada pela direção da instituição como a razão para o acontecido.
Segundo dados da consultoria de orçamento da Câmara, o Museu Nacional perdeu pelo menos R$ 336,3 mil no ano passado em relação à verba pública que recebia em 2013. Naquele ano, o museu recebeu R$ 979,9 mil do orçamento dos ministérios da Educação e da Cultura; em 2017, esse valor foi de R$ 643,5 mil.
Indagado sobre a falta de verbas para o museu, Bolsonaro desconversou: “Você não tem dinheiro, paciência. Agora, para mim, é dinheiro para quermesse. Homem nu para criança tocar não falta”, afirmou.
Em 2017, a performance de um artista nu no MAM (Museu de Arte Moderna), no Ibirapuera, em São Paulo, provocou polêmica nas redes sociais. Um vídeo que viralizou no Facebook mostrava quando uma criança de aproximadamente 4 anos toca o pé do homem.
O prédio do Museu Nacional não possui seguro, nem brigada de incêndio por se tratar de um “custo a mais”, segundo a vice-diretora, Cristiana Serejo. Na manhã de terça (4), novos desabamentos foram registrados na área interna do museu após o incêndio que atingiu o prédio na noite de domingo (2).
Segundo Serejo, não se sabe se alguma peça do acervo tinha seguro individual. “Só aqui, a universidade gasta R$ 8 milhões com terceirizados por mês. É caro. Estava tendo treinamento com funcionários”, afirmou a vice-diretora.
Repórter
Bolsonaro foi ainda questionado por um repórter sobre o motivo de ter compartilhado nesta terça no Twitter um vídeo que mostra uma criança contando que a professora afirmou, em sala de aula, que meninos podem usar saia e brinco e pintar a unha.
Bolsonaro devolveu a pergunta ao jornalista: “Você pintou a unha quando era criança?”
Diante da resposta negativa do repórter, retrucou: “Você tem cara de ter pintado a unha”.
O jornalista disse que Bolsonaro não poderia falar daquela maneira com ele, ao que o candidato respondeu:
“Eu não posso o quê, rapaz? Você pergunta o que quer e eu respondo o que eu quero”.