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Brasil Bolsonaro municiou a própria denúncia de que foi alvo, com uma série de pronunciamentos em que ameaçava às claras que poderia não aceitar o resultado eleitoral em 2022

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Na Presidência, Bolsonaro esgarçou os limites do cargo, acumulou ataques aos demais Poderes e colocou em teste a caixa de ferramentas à disposição das instituições para controlá-lo. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Acusado de liderar uma trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) municiou a própria denúncia de que foi alvo com uma série de pronunciamentos em que ameaçava às claras que poderia vir a não aceitar o resultado eleitoral em 2022.

Ele, diagnosticado como risco à democracia quando ainda estava no cargo, agora está no banco dos réus e será julgado pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de crimes como golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito, com pena máxima que pode passar dos 40 anos de prisão.

Na Presidência, Bolsonaro esgarçou os limites do cargo, acumulou ataques aos demais Poderes e colocou em teste a caixa de ferramentas à disposição das instituições para controlá-lo.

Alvo de um sem-número de notas de repúdio e de decisões judiciais desfavoráveis, o então chefe do Executivo não foi objeto de nenhuma denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) enquanto ocupou o posto, tampouco viu algum dos mais de cem pedidos de impeachment contra si prosperar.

Bolsonaro no banco dos réus

A nova série de reportagens Bolsonaro no banco dos réus mostra o que julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares no STF representa na história do país. Além de discutir o que está em jogo no processo em si, a série explora quais os desafios e simbolismos que o rodeiam e seus possíveis desdobramentos.

Na denúncia assinada pelo atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, no cargo desde o fim de 2023, uma live feita por Bolsonaro em julho de 2021 é vista como marco do aumento gradativo da agressividade de seu discurso.

Nas semanas que se seguiram à transmissão, que consistiu uma profusão de teorias conspiratórias sem nenhuma prova de fraude, Bolsonaro fez repetidas declarações contra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o processo eleitoral e convocou seus seguidores para o que seria, segundo ele, um “último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia”.

Como resultado, o país assistiu a caminhões invadirem a Esplanada dos Ministérios na véspera do 7 de Setembro de 2021, em Brasília, e a caravanas de manifestantes munidos de cartazes pedindo uma intervenção militar se reunirem no dia seguinte para ouvirem o então presidente ameaçar não sair do poder em caso de derrota.

“Só Deus me tira de lá…” foi uma das frases do discurso inflamado em que Bolsonaro bradou não só que não mais cumpriria “qualquer decisão” do ministro Alexandre de Moraes como afirmou que só sairia da Presidência “preso, morto ou com vitória”.

Na data, também deu uma espécie de ultimato ao STF: “Ou o chefe desse Poder [Luiz Fux] enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”.

Segundo Gonet, tal postura tinha um objetivo em si mesmo: “inculcar sentimento de indignação e revolta nos seus apoiadores e com o propósito de tornar aceitável e até esperável o recurso à força contra um resultado eleitoral em que o seu adversário político mais consistente triunfasse”.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, critica o encadeamento de eventos feito pela acusação e diz que os atos anteriores do ex-presidente não têm relação com o 8 de Janeiro e que tampouco seriam atos de execução de um crime. Argumentou ainda ao STF que a denúncia busca “criminalizar a atividade política do peticionário em geral”.

Embora tenha acendido um alerta vermelho e à época gerado pronunciamentos duros inclusive de atores em geral mais comedidos, até mesmo o 7 de Setembro de 2021 acabou pacificado sem maiores repercussões para Bolsonaro após uma carta de recuo articulada pelo ex-presidente Michel Temer, com direito a uma ligação a Moraes.

A denúncia argumenta que aquelas manifestações refletiam “o êxito dos primeiros atos executórios” da organização: “As faixas exibidas pelos manifestantes já pediam a intervenção militar, revelando a força da ação coordenada pelo grupo”.

Quando ainda era chefiada por Augusto Aras, a PGR classificou as afirmações do então presidente como “arroubos de retórica” e disse que não havia crime a ser investigado. Pedidos de arquivamento ou abertura de investigações preliminares, que na prática eram vistas com protelatórias, foram um padrão da PGR sob Aras no que diz respeito ao então presidente.

Entenda papel de Bolsonaro na trama golpista, segundo denúncia da PGR

Na avaliação do professor na Faculdade de Direito da USP e advogado Rafael Mafei, um dos principais aprendizados que se pode extrair de todo esse cenário é que é preciso manter a percepção do peso e poder do cargo de presidente.

“Boa parte da aliança com Bolsonaro veio da esperança das pessoas de que sua convivência com outras instituições e atores seria capaz de refreá-lo ou moderá-lo”, diz. “Não só elas não o domaram, como ele, inclusive, conseguiu identificar aspectos dos funcionamentos dessas instituições que permitiam a elas serem capturadas.” As informações são do portal Folha de São Paulo.

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