Quinta-feira, 04 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de dezembro de 2025
Empresário tem linha direta com Trump e Lula.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO empresário Joesley Batista, proprietário da JBS, comunicou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o encontro que teve com o presidente venezuelano Nicolás Maduro para persuadi-lo a renunciar e, assim, permitir uma transição pacífica de poder.
A estratégia do empresário brasileiro é aproveitar essa proximidade com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para atuar como ponte na melhoria da relação do Brasil com os Estados Unidos. Joesley tem linha direta com o presidente brasileiro também.
O grupo J&F quer aproveitar o protagonismo nesses diálogos com líderes internacionais como estratégia de rebrading, num reposicionamento da marca para grandes temas.
Esse reposicionamento é uma tentativa de superar o passado recente do grupo. Alçada ao posto de gigante global via empréstimos do BNDES na era dos “Campeões Nacionais” durante os primeiros mandatos petistas, a JBS viu seu prestígio derreter após a delação de 2017, quando a divulgação do áudio de Joesley com Michel Temer abalou a República e resultou na prisão dos irmãos Batista.
O retorno de Lula ao poder permitiu a Joesley sair do isolamento político. A relação histórica com o PT, que fomentou o crescimento do grupo no passado, facilitou a reabertura das portas do Planalto. A atuação na crise venezuelana poderia reforçar essa ‘volta por cima’, permitindo que o empresário troque a imagem de delator pela de articulador geopolítico com acesso privilegiado a líderes mundiais.
Oficialmente, o grupo J&F afirmou que Joesley Batista não é representante de nenhum governo e que não vai se manifestar além disso.
A viagem de Joesley para Caracas foi revelada pela agência Bloomberg e confirmada pela Coluna. O brasileiro se reuniu com Maduro no último dia 23 de novembro, depois que o presidente dos EUA ligou para o líder do país para instá-lo a deixar a Venezuela.
A Bloomberg destacou o papel de Joesley Batista como mediador, na tentativa de amenizar as tensões políticas entre o governo Trump e a Venezuela. A agência afirmou que autoridades do governo Trump estavam cientes dos planos de Batista de visitar Caracas, mas não foi solicitado a ele viajar em nome dos EUA.
A viagem de Batista a Caracas ocorreu em meio a sinais crescentes de que o governo Trump está preparando operações militares dentro da Venezuela. Washington denominou o Cartel de los Soles como uma organização terrorista e acusou Maduro de liderar o esquema.
Os Estados Unidos realizam desde setembro vários ataques letais contra embarcações que supostamente transportam drogas no Caribe e no Pacífico, e acusam o ditador Nicolás Maduro de liderar um cartel de narcotráfico.
Caracas nega e argumenta que o objetivo de Washington é derrubar o presidente venezuelano e tomar o controle do petróleo do país.
A JBS é proprietária da Pilgrim’s Pride Corp., produtora de frango com sede no Colorado, que doou US$ 5 milhões ao comitê de posse de Trump, a maior doação individual. A agência citou ainda que a JBS obteve a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários para listar suas ações em Nova York.
Batista se reuniu com Trump no início deste ano para defender a remoção das tarifas sobre a carne bovina. A JBS é a maior fornecedora de carne do mundo e tem mais de 70 mil funcionários nos Estados Unidos e no Canadá. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)