Domingo, 05 de maio de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
21°
Light Rain

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Colunistas Jogo geopolítico do G20

Compartilhe esta notícia:

O Brasil está diante de uma nova reunião do G20. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O Brasil está diante de uma nova reunião do G20. O aviso de Pequim foi claro: Xi Jinping não pretende comparecer na Índia para o encontro, dizendo que o foro mais adequado para este tipo de discussão é o novo BRICS, que sob sua liderança, ganhou novos sócios, na imensa maioria regimes autoritários e autocráticos. A manobra chinesa é um claro recado para os líderes dos países ocidentais.

Outro membro que não estará presente é Vladimir Putin, que vive restrições severas de trânsito internacional desde que resolveu invadir a Ucrânia. Ele possui uma ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional e evita o risco de ser detido e enviado para uma cela em Haia, na Holanda, onde seria julgado pelo crime de deportar ilegalmente crianças de áreas ocupadas ilegalmente no país invadido.

O G20 precisa se debruçar sobre uma série de assuntos, porém certamente os líderes presentes no encontro irão debater em reuniões reservadas a sequência de golpes de Estado que vem ocorrendo na África, desde sua margem atlântica até o Mar Vermelho. Os golpes, iniciados em 2021, já atingiram Guiné, Mali, Burkina Fasso, Níger,
Chade, Sudão e mais recentemente o Gabão. Todos, com exceção do Sudão, são ex-colônias da França e assunto importante na agenda do presidente Emmanuel Macron.

Os sucessivos golpes na África preocupam porque são enxergadas claras digitais russas em cada uma delas, seja com a presença de mercenários ligados ao Kremlin e também com a massiva propaganda que vem sido plantada artificialmente na última década em cada uma destas nações.

Os golpes em sequência não são surpresas, uma vez que se revelam o resultado de um trabalho de longo prazo articulado por Moscou.

A África também está no foco dos chineses. Pequim é o maior parceiro bilateral do continente, com negócios de US$ 254 bilhões em 2021. A estratégia de infiltração ocorre por meio de investimentos externos (34 bilhões na última década), ajuda financeira, projetos de infraestrutura e perdão de dívidas. Os focos estão no Congo, Zâmbia,
Quênia, Nigéria, África do Sul e Etiópia, estes dois últimos agora sócios no BRICS. Os investimentos fazem parte da chamada Nova Rota da Seda.

Os líderes do G7 –grupo que reúne parte das maiores economias do mundo composto por Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão, Reino Unido, EUA e União Europeia– anunciaram que pretende levantar US$ 600 bilhões em
fundos públicos e privados nos próximos cinco anos para financiar projetos de infraestrutura em países de renda baixa e média. A ideia é se é se contrapor à Nova Rota da Seda, a iniciativa de dominação chinesa na África.

Certamente os líderes reunidos em Pragati Maidan, Nova Delhi, neste final de semana, discutirão, em reservado, os recentes movimentos de Pequim e Moscou, especialmente os indianos, anfitriões, ultrajados pelo novo mapa chinês que considera porções do território da Índia como parte da China. O jogo de poder geopolítico terá um novo capítulo
nestes próximos dias e os aqueles ausentes, sempre por motivos nada nobres, tem tudo para se tornarem protagonistas (ou antagonistas) do evento.

Márcio Coimbra é Presidente do Instituto Monitor da Democracia e Vice-Presidente da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig). Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Colunistas

Agora, STF autoriza possibilidade de desapropriação de terras produtivas
Nascidos para perder
https://www.osul.com.br/jogo-geopolitico-do-g20/ Jogo geopolítico do G20 2023-09-07
Deixe seu comentário
Pode te interessar