Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2015
Passados dez anos da eclosão do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado a sete anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, não esconde a mágoa em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidenta Dilma Rousseff. Em conversa com amigos, Dirceu usou a palavra “covardia” para se referir à postura que considera omissa de Lula e Dilma durante todo o processo do mensalão. Omissão que, segundo ele, se repete agora, em relação à Operação Lava-Jato, na qual Dirceu é investigado, e faz com que todos os petistas, condenados ou não, inclusive o ex-presidente e a atual, carreguem a pecha de corruptos.
“De que serve toda covardia que o Lula e a Dilma fizeram na Ação Penal 470 e estão repetindo na Lava-Jato? Agora estamos todos no mesmo saco, eu, o Lula, a Dilma”, disse Dirceu.
Durante dez anos, Lula se esquivou de fazer publicamente a defesa dos correligionários envolvidos no esquema de corrupção que, segundo o Supremo Tribunal Federal, serviu para comprar apoio parlamentar ao governo do PT. Até o julgamento, em 2013, alegava que preferia esperar a decisão do Supremo. Após, colocou o assunto de lado, apesar de todos os pedidos para que desse ao menos uma palavra de solidariedade aos colegas presos.
Aos amigos, Dirceu disse desconhecer as razões de Lula e fez uma ressalva ao dizer que o ex-presidente não faz “nem a defesa dele mesmo”. Apesar da mágoa, Dirceu descarta qualquer possibilidade de Lula ter participado das negociações com partidos aliados que levaram ao escândalo do mensalão.
Ele revelou ter voltado contra sua vontade à direção do PT em 2009, quando preferia se manter afastado do foco político. Dirceu disse ter sido procurado por Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, em um hotel de Brasília, onde ouviu a ordem para reassumir seu posto no diretório nacional do PT. “Lula queria me controlar”, disse. (AE)