Sábado, 17 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de maio de 2025
Gaúcho Peterson Haas, de 23 anos, formou-se em Economia e Bioquímica na Universidade de Richmond, na Virgínia.
Foto: Arquivo pessoalO gaúcho Peterson Haas, de 23 anos, natural de Lajeado (RS), formou-se em Economia e Bioquímica na Universidade de Richmond, na Virgínia, nos Estados Unidos, e foi orador da turma. Ele emocionou não só o público que celebrava a formatura dos recém-formados, mas também aqueles que assistiram ao vídeo que viralizou nas redes sociais ao fazer referência às enchentes no Rio Grande do Sul.
“Há um ano, a semana de provas finais não era sobre exames e prazos para mim. Foi sobre assistir à minha cidade natal naufragar no que o The New York Times chamou de a pior enchente da história recente do Brasil. Enquanto as águas subiam, engolindo ruas e memórias, eu estava a milhares de quilômetros de distância agarrado à esperança de que a minha família estivesse segura”, disse o jovem, durante o discurso.
Ao todo, 478 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pela enchente. Estima-se que quase 2,4 milhões dos mais de 11,3 milhões de gaúchos sofreram algum tipo de perda humana ou material, o que representa um índice superior a 21%. Ao todo, 184 pessoas perderam a vida. Outras 25 continuam desaparecidas.
Ele participou de uma seleção na universidade para ser escolhido como orador da turma. “Durante e após o discurso, eu senti que estava satisfeito com minha apresentação, mas não fazia muita ideia de como tinha sido recebido pelos demais. Quando terminou, fui muito bem recebido por outros alunos, familiares, professores e funcionários, entre eles o presidente da universidade”, contou.
Peterson relata que queria que seu discurso na formatura não fosse apenas uma mensagem aos demais formandos, mas também aos pais, familiares e “todos aqueles que fizeram parte dessa jornada”. Ele, no entanto, não fazia ideia da proporção que tomaria a repercussão do vídeo, que só em seu perfil tem mais de 11 mil curtidas e 1.200 comentários.
“Um tópico que, na minha opinião, é universal quando se fala de um estudante de graduação é a resiliência. É um período não só desafiador quanto ao ambiente acadêmico, mas também no momento da vida que nos encontramos (o início da fase adulta) e todas as dúvidas relacionadas a ele. E para fazer uma analogia à resiliência, sendo gaúcho e morador de uma área onde enchentes são recorrentes, nem cogitei em trazer outro exemplo maior que a memória da tragédia do ano passado”, afirma o economista e bioquímico recém-formado.
“O trabalho que vi dos voluntários e moradores no momento em que eu cheguei na minha cidade depois da minha última semana de aula do semestre foi inspirador”.
Nascido na cidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul, Peterson conta que desde os dez anos de idade tem vontade de estudar fora e participava de feiras científicas do Rio Grande do Sul, posteriormente nacionais e internacionais.
“Eu vi um Soletrando do Luciano Huck na TV e a Tabata Amaral (hoje deputada federal) tinha recém sido aprovada em Harvard naquela época. Foi a primeira vez que eu soube um pouco mais sobre essa possibilidade. Lembro que ela estava falando muito sobre Olimpíadas de Matemática e Ciências, então eu comecei a me envolver em atividades extracurriculares, principalmente através da ciência”, lembra.
No segundo ano do ensino médio, ele teve a oportunidade de ir para Stanford fazer um programa de intercâmbio em Engenharia Biomédica. “Ali, tive certeza que era a oportunidade que eu gostaria para a minha vida, de poder estudar fora, tentar algo a mais”, diz.
Para conseguir a vaga na universidade americana, ele chegou a aplicar para mais de 20 instituições e conta ter tido apoio de organizações brasileiras que preparam estudantes para estudar fora, como a Fundação Estudar e a Brasa.
“No primeiro ano, acabei não passando em nenhuma das 20 universidades que apliquei. Eu precisava de uma bolsa muito boa e apliquei só para universidade competitiva”, conta.
Enquanto ele esperava, os resultados, começou um projeto com outros quatro jovens chamado Instituto Brasileiro de Jovens Cientistas, responsável pela primeira feira virtual de ciências do Brasil, relata Peterson. Com isso, melhorou seu currículo e foi aceito na Universidade de Richmond em 2021 com bolsa integral.