Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2017
O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri negou na tarde desta sexta-feira (17) o pedido de prisão preventiva do dono do lava-jato Thiago Demarco Sena e do funcionário William Henrique Larrea, suspeitos de agredirem o adolescente Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, com uma mangueira de compressão de ar que resultou na sua morte depois de 11 dias internado.
Segundo assessoria do fórum de Campo Grande (MS), o juiz Carlos Alberto Garcete de almeida declarou conflito negativo de jurisdição, ou seja, que a competência para julgar não seria do Tribunal do Júri, mas da Vara Criminal.
“Entendo que a competência para apreciação do requerimento em tela é, a rigor do juízo da 7ª Vara Criminal Residual da Capital, a quem a representação foi primeiramente distribuída, haja vista que o Ministério Público entendeu, num primeiro momento, que se trata de crime de lesão corporal seguida de morte, e não de crime doloso contra a vida”, disse na decisão.
O pedido de prisão foi feito pelo delegado Paulo Sérgio Lauretto, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente na terça-feira (14) quando saiu o laudo confirmando a lesão corporal grave e no dia da morte do garoto.
Segundo o delegado, a mangueira de compressão de ar não foi introduzida no ânus, mas a força de ar o feriu de tal maneira que o adolescente perdeu parte do intestino grosso. Na época, os suspeitos disseram que tudo foi uma “brincadeira” e a polícia entendeu que não houve conotação sexual, por isso o caso foi registrado como lesão corporal.
O pedido havia sido feito à 7ª Vara Criminal, onde o magistrado Marcelo Ivo de Oliveira atua, mas, apesar do caso ser investigado como crime de lesão corporal de natureza grave, o juiz entende que a situação deve ser tratada como homicídio inicialmente tentado e agora consumado, em razão da morte da vítima.
Wesner morreu por causa de uma complicação no esôfago que causou hemorragia seguida de parada cardiorrespiratória. O adolescente chegou a apresentar melhora durante o tempo de internação e gravou um vídeo agradecendo as orações recebidas.
Investigação
No dia 3 de fevereiro, o dono do lava-jato e o outro funcionário colocaram mangueira de compressão de ar perto do ânus do adolescente.
Os suspeitos e uma criança de 11 anos, que testemunhou o crime, disseram que o fato era uma brincadeira, mas dias antes de morrer, o adolescente negou que a agressão tivesse sido brincadeira.
Wesner foi socorrido em estado grave. O jato de ar causou diversas lesões e fez o garoto perder parte do intestino. Ele ficou internado na Santa Casa de Campo Grande por 11 dias antes de morrer. O caso é investigado pela Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).
Enquanto esteve no hospital, o adolescente contou para a família detalhes sobre a agressão, disse que perdoava os suspeitos, mas pediu que eles fossem presos, segundo a família.
Os suspeitos podem ser indiciados por lesão corporal grave seguida de morte ou por homicídio doloso. A tipificação será definida pela Depca na conclusão do inquérito, segundo Lauretto. O delegado ainda esclareceu que, a princípio, o caso não foi registrado como abuso porque não ficou evidente a conotação sexual.
Thiago Demarco Sena e Willian Henrique Larrea não tinham ficha criminal. Este último era amigo da família da vítima.