Quinta-feira, 22 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de maio de 2025
General Júlio César de Arruda foi ouvido como testemunha de defesa do tenente-coronel Mauro Cid e de Jair Bolsonaro.
Foto: Divulgação/Comando Militar do Leste/Arquivo 2019O ex-comandante do Exército, general Júlio César de Arruda afirmou nesta quinta-feira (22) que dividiu com integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva a decisão de não permitir a prisão imediata de quem estava no acampamento em frente ao Quartel-General (QG) do Exército do Exército em Brasília logo após os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023.
Arruda foi ouvido como testemunha de defesa do tenente-coronel Mauro Cid e de Jair Bolsonaro na ação penal que apura um golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder de forma ilegal. Arruda foi questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, sobre ter impedido o cumprimento da ordem de prisão no acampamento do QG.
O ministro citou depoimento de Fábio Augusto Vieira, então comandante da Polícia Militar do DF. Ele disse que ao chegar para cumprir a ordem foi proibido por Arruda de retirar os acampados que, com dedo em riste, teria dito: “O senhor sabe que minha tropa é um pouco maior que a sua, né?”.
A ordem judicial de Moraes foi cumprida só na segunda de manhã. O general afirmou que agiu para acalmar a situação.
“Já respondi isso aí nas minhas declarações à Polícia Federal, vou repetir exatamente. Ali estava um clima de nervosismo, o senhor sabe disso, o senhor sabe bem disso, e minha função era acalmar. Então, eu falei ‘isso aí tem que ser feito de maneira coordenada. Vamos fazer isso aí de forma coordenada’, disse.
O militar afirmou que discutiu a execução da ordem com o então ministro da Justiça Flávio Dino, o ministro da Casa Civil , Rui Costa, o ministro da Defesa, José Múcio, durante reunião no QG.
“E foi feito de maneira coordenada, como eu disse, de acordo com o ministro da Justiça na época, o ministro Flávio Dino, o ministro Rui Costa e o Ministro José Múcio, eu e o coronel Ruta. Foi decidido ali o que fazer. Então a minha função ali foi acalmar, porque até então e graças a Deus não teve nenhuma morte”.
O general evitou responder questões mais polêmicas e recorreu a expressão “não lembro” em diversas ocasiões. O militar disse que não poderia comentar sobre o motivo de sua demissão no começo do governo Lula porque “essa pergunta eu acho que não cabe a ser feita a mim. Tem que fazer a quem me nomeou e quem me exonerou”.
Em seu depoimento, o ex-comandante do Exército afirmou ainda que a transição no Exército entre o governo Bolsonaro para Lula ocorreu normalmente.
A assessoria de comunicação do Supremo Tribunal Federal (STF) e dos ministros do governo disseram que Flávio Dino, José Múcio e Rui Costa não vão se manifestar.
Arruda negou ter impedido ingresso da polícia no acampamento em frente ao quartel general do Exército ao ser questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.
“Eu não neguei [ingresso da polícia]. Nessa noite, quando começou a acontecer aquilo tudo, eu fui pro QG às duas da tarde. Fui coordenar as ações”, afirmou.
O general afirmou que chamou o então comandante militar do Palácio do Planalto e o ministro da Defesa José Múcio.
“Acompanhamos os acontecimentos e lá pela noite, quando parte dos manifestantes estava voltando para a Praça dos Cristais, o general Dutra me ligou e disse que a polícia estava vindo aqui e eu tenho a informação de que iam prender todo mundo. E eu disse ‘não’, isso teria que ser coordenado, acha o interventor”. As informações são do portal de notícias g1.