Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2018
A Justiça do Distrito Federal decidiu nesta quarta-feira (7) manter preso o grupo suspeito de fazer “delivery” de droga na Esplanada dos Ministérios. Na audiência de custódia, a prisão dos suspeitos, que era temporária (por 30 dias), foi convertida em preventiva (por tempo indeterminado). No entendimento do juiz Aragonê Nunes Fernandes, a prisão deve ser mantida porque há evidências de “prática reiterada de tráfico de drogas”. Ele negou o pedido dos advogados, que tinham pedido liberdade provisória ou mesmo relaxamento da prisão.
“Vê-se que a dinâmica levada a efeito pelo grupo era da existência de um sistema de tele-entrega, verdadeiro ‘delivery de entorpecentes’, levando drogas para órgãos públicos desta capital, demonstrando a ousadia e destemor dos envolvidos. Não é só. A elevada quantidade de droga apreendida, bem assim a diversidade, conferem gravidade concreta à conduta.”
Ao analisar o caso, o juiz mencionou que parte dos suspeitos já tem passagem pela polícia. Também declarou que a prisão é necessária uma vez que 2 dos 28 alvos continuavam foragidos até esta quarta.
“Isso para, de um lado, garantir a ordem pública, freando a ação delitiva do grupo; de outro lado, para preservar a instrução criminal, desbaratando a célula criminosa.”
Alvos
Entre os alvos que continuam presos há uma ex-estagiária do MPF (Ministério Público Federal) formada em direito, que chegou a estagiar na Procuradoria-Geral da República e fazia cursinho para entrar na Polícia Civil. Ela é apontada como “conselheira jurídica” do grupo, por orientar sempre ser transportada quantidades pequenas de droga. “Se [a polícia] pegasse isoladamente, não teria como configurar o tráfico. Seria enquadrado como uso. Era coisa pequena, fácil de colocar no bolso”, explicou o delegado Rogério Henrique Oliveira, que qualificou a droga como de “altíssima qualidade”.
De acordo com as investigações, ela é namorada do líder do grupo, de 35 anos. “Ele que coordenava toda a venda na Vila Planalto. Quando traficantes precisavam de droga, iam até ele, inclusive”, relatou o policial. O “delivery” de cocaína e haxixe se dava durante o dia, por meio de motociclistas membros da associação criminosa. As porções eram sempre pequenas. Em 15 dias, um dos suspeitos foi contatado por 33 usuários diferentes.
Carro da Câmara
Outro preso na operação “Delivery” é um motorista da Câmara dos Deputados. Ele trabalha para o deputado federal Valadares Filho (PSB-SE), presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional. À reportagem, o gabinete do parlamentar confirmou a informação e disse que o deputado “está providenciando a exoneração dele”.
Segundo a polícia, ele foi flagrado, durante o expediente, usando um carro contratado pelo gabinete para comprar drogas. “Esse carro era usado para aquisição de substância. Mantinha contato com traficantes e ia buscar. Cabe frisar que o parlamentar não possuía sequer ciência dos fatos”, declarou o delegado, que também afirmou ter prendido um ex-policial do Exército, que ostentava armas em redes sociais.