Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de agosto de 2016
Continua repercutindo no País o caso da mulher que foi flagrada tentando embarcar com uma criança de 11 anos dentro da mala na Rodoviária Novo Rio rumo a Curitiba (Paraná). Natasha Vitoriano Souto, 23 anos, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, pelo crime de subtração de incapaz. “O fato é de extrema gravidade, uma vez que a situação envolve o cárcere privado de criança em condições que inequivocamente colocaram em risco a vida do menor”, relatou a juíza em sua decisão.
Entenda o caso.
Natasha foi presa por policiais militares do BPTur (Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas) quando transportava uma criança dentro de uma mala. Ela alegou que levaria o menino para Curitiba, onde mora, para dar uma vida melhor a ele, que vive nas ruas. Ela foi autuada em flagrante e a criança seguiu para o Conselho Tutelar.
“Foi uma ocorrência inusitada. Estamos com o policiamento reforçado na rodoviária por causa da Olimpíada e uma equipe acabou se deparando com o esse caso. Acredito que os PMs salvaram a vida dessa criança. Imagina se ela fosse colocada no bagageiro de um ônibus”, disse o coronel Mauro Fliess, comandante do BPtur.
Segundo ele, os PMs foram chamados por pessoas que viram Natasha na praça de alimentação da rodoviária: a mão do menino podia ser vista por uma fresta na mala. Algumas testemunhas acreditaram até que fosse um cadáver. Os policiais se aproximaram da mulher, que se refugiou no banheiro. Os agentes conseguiram fazer uma abordagem quando Natasha deixava o local.
“Ela demonstrou um grande nervosismo ao ser questionada. Um dos policias viu a mão da criança, viu que estava viva e encaminhou a mulher e a mala para uma área reservada. Lá, retiraram o menino da bagagem”, contou o coronel Mauro Fliess.
“Risco de não chegar vivo.”
Natasha disse aos policiais que conhecera a criança pedindo dinheiro em um sinal de trânsito. Ela disse ter ficado com pena do garoto e decidiu levá-lo para morar com ela em Curitiba, para que tivesse melhores oportunidades na vida. “A mulher sequer pensou no perigo que esse transporte representava. Existia o risco dele nem chegar vivo”, explicou o policial.
“Eu ia levá-lo para minha casa. Ele estava na rua e me pediu para adotá-lo. A mãe dele é dependente química e ele me contou que apanhava muito, muito triste. Depois, chegou a ser adotado durante um ano, mas a família o abandonou na rua como se ele não fosse nada. Sei que não escolhi a melhor forma, mas não pensei porque eu tinha que voltar para casa e não podia deixá-lo ali”, disse Natasha aos policiais, mostrando livros e roupas que já havia comprado para o garoto.
O crime de subtração de incapaz do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) tem como pena reclusão de dois a seis anos, e pagamento de multa.
O caso lembra a história de um menino de 8 anos encontrado dentro de uma mala de viagem por funcionários da fronteira entre o Marrocos e a Espanha, em maio. Uma jovem de 19 anos foi acusada do crime. O garoto foi localizado quando a mala passou pelo equipamento de raios X. A criança estava enrolada entre as roupas. (AG)