Sábado, 22 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2025
Após a Justiça Federal manter a prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master e investigado por suspeita de comandar um esquema bilionário de fraude, a defesa pediu a liberdade dele ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), sediado em Brasília e equivalente à segunda instância. Alegação: o suposto risco de continuidade dos crimes deixou de existir com a decisão do Banco Central de encerrar as atividades da instituição financeira.
O argumento não convenceu e a desembargadora Solange Salgado da Silva manteve a prisão preventiva do agora ex-banqueiro. Na decisão, ela sublinhou que “a desarticulação da organização criminosa perpassa necessariamente pelo isolamento de Vorcaro, com posição de liderança no esquema”.
Escreveu, ainda, que “a gravidade dos crimes, a estrutura da organização criminosa e o risco à ordem pública e à ordem econômica indicam que medidas como monitoramento eletrônico, recolhimento domiciliar ou proibições diversas não seriam eficazes”. Vorcaro foi preso pela Polícia Federal (PF) na segunda-feira (17), quando embarcava para a Europa em avião particular.
De acordo com a PF, o Banco Master simulou a compra de ativos que não existem e, na sequência, vendeu esses créditos para o Banco de Brasília (BRB). Este pagou R$ 12,2 bilhões pelo negócio – sem documentação.
A Polícia Federal aponta que os diretores do BRB agiram em conluio com o Vorcaro para “socorrer” o caixa do Banco Master. Desde 2023, o Banco Central e o mercado financeiro já apontavam os riscos das operações da empresa. Mesmo assim, o BRB e outras instituições públicas negociaram com Daniel Vorcaro.
A PF vai investigar se a cúpula do Master se beneficiou da rede de relacionamentos com políticos em Brasília para fechar seus negócios. De abril a junho de 2024, o Master conseguiu vender R$ 40 milhões em letras financeiras do banco para o Basa, Banco da Amazônia.
No início do ano passado, a Caixa Econômica Federal também esteve perto de comprar R$ 500 milhões desses mesmos títulos que o Master colocou no mercestatal assinaram nota técnica por meio da qual alertaram que o negócio era atípico e muito arriscado.
O caso foi parar no Tribunal de Contas da União (TCU), que no mês passado decidiu multar o ex-diretor da Caixa, Igor Laino. Conforme a Corte, Laino tentou fechar o negócio com o Master mesmo com pareceres contrários.
Ao longo dos últimos oito meses, deputados apresentaram pedidos de informações para apurar possíveis irregularidades nos negócios suspeitos do Banco Master com o BRB e fundos de pensão. Só na quarta-feira (19), os pedidos começaram a tramitar dentro da Câmara. Foi quando o vice-presidente da Casa, deputado Altineu Cortes, do PL, responsável por dar seguimento aos pedidos, autorizou a tramitação.
Na quinta-feira passada (20), a PF divulgou as apreensões da operação “Compliance Zero”, que já somam R$ 230 milhões. Só o jatinho de Daniel Vorcaro está avaliado em R$ 200 milhões. Obras de arte, veículos, relógios, joias e R$ 2 milhões em dinheiro vivo completam o valor.
Ao fim das investigações, esses e outros bens dos envolvidos na denúncia podem ser usados para cobrir as fraudes, que somam mais de R$ 12 bilhões. A defesa de Daniel Vorcaro declarou ter recebido com respeito a decisão de manutenção da prisão preventiva, ainda que acredite inexistirem motivos para isso. E que buscará dentro do devido processo legal a soltura do cliente.
O deputado Altineu Cortes (PL-RJ) disse que até setembro foram apresentados mais de 4 mil pedidos de informação, que demandam análise técnica minuciosa. Ele disse ainda que os requerimentos sobre o Banco Master exigiram um tempo maior, em razão da complexidade do tema.
A defesa de Igor Macedo Laino afirma que ele não cometeu irregularidades. Também argumenta que o Comitê da Caixa também discutiu a proposta do Master. (com informações do portal G1)