Segunda-feira, 09 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 1 de junho de 2021
A libertação antecipada de Giovanni Brusca, condenado, entre outros crimes, pelo assassinato em 1992 do famoso juiz siciliano antimáfia Giovanni Falcone, causou indignação nesta terça-feira (1º) na Itália, onde a notícia apareceu na primeira página de todos os jornais.
Giovanni Brusca, de 64 anos, foi libertado na segunda-feira por bom comportamento na prisão romana de Rebibbia, depois de passar 25 anos atrás das grades, tempo durante o qual aceitou colaborar com as autoridades.
Segundo as leis italianas, ele deverá permanecer em liberdade condicional durante os próximos quatro anos.
“Libertam Brusca, o mafioso mais cruel”, afirmou o jornal La Republicca.
“É uma notícia que me dói como pessoa, mas é a lei, uma lei que meu irmão quis e que é preciso respeitar”, reagiu a irmã do juiz Falcone, Maria, citada pelo jornal.
A Justiça determinou que Giovanni Brusca foi quem, em 1992, acionou o controle remoto que detonou a bomba que destruiu o carro do juiz nas proximidades de Palermo, causando a morte de Giovanni Falcone, sua mulher e de três guarda-costas.
A mulher de um dos guarda-costas, Tina Montinaro, manifestou nesta terça-feira sua “indignação” com a libertação de Brusca. “Vinte e nove anos depois ainda não sabemos a verdade, e o homem que destruiu a minha família está livre”, lamentou.
Brusca, um dos colaboradores mais próximos de Toto Riina, o temido chefe máximo da máfia siciliana Cosa Nostra, foi detido em 20 de maio de 1996. Após ser preso, aceitou colaborar com a Justiça e depor em vários julgamentos.
Conhecido por ser um criminoso sanguinário, ele também foi condenado pelo sequestro e assassinato em 1983 de Giuseppe Di Matteo, o filho de 11 anos de um arrependido da máfia, que foi estrangulado e depois teve seu corpo dissolvido em ácido, um ato de vingança contra o pai do menino, que havia aceitado colaborar com a Justiça.
Sua libertação foi criticada por muitos líderes políticos, tanto de direita quanto de esquerda. O líder do Partido Democrático, de centro-esquerda, Enrico Letta, a classificou como “um soco no estômago [que] te deixa sem palavras”.
“Uma pessoa que cometeu esses atos, que dissolveu uma criança em ácido, que matou Falcone, na minha opinião é uma fera e não pode sair da prisão”, reagiu o líder do partido de extrema direita Liga, Matteo Salvini.