Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 24 de setembro de 2023
A Livraria Saraiva anunciou que seu presidente e vice renunciaram aos cargos, na mesma semana em que a empresa revelou o fechamento de todas as suas lojas físicas. A notícia foi confirmada por comunicado ao mercado publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Uma referência do mercado editorial, com lojas enormes e catálogo variado, a Saraiva decidiu manter o funcionamento apenas no e-commerce e demitir todos os funcionários da operação presencial.
Jorge Saraiva Neto, que é membro do Conselho de Administração da Saraiva, renunciou aos cargos de diretor-presidente e diretor de Relações com Investidores (RI). Já Oscar Pessoa Filho deixou de ser diretor vice-presidente da empresa. Ambos alegaram questões de foro íntimo. No lugar de Saraiva Neto, Marta Helena Zeni assume as posições de diretora-presidente e de Relações com Investidores.
O posto de Pessoa Filho como vice-presidente será ocupado por Gilmar Antonio Pessoa.
A companhia ainda comunicou que a Assembleia Geral Especial de Acionistas Preferencialistas, convocada para sexta-feira, não foi instalada por restrição de quórum, restando prejudicada a ratificação da deliberação sobre o critério de conversão da totalidade das ações.
A rede está em recuperação judicial desde 2018, depois de não conseguir renegociar dívidas com fornecedores. Na ocasião, a companhia informou que tinha dívidas no valor de R$ 675 milhões.
Agora, a livraria demitiu funcionários e fechou as suas lojas físicas na última semana. A rede, que já foi a maior do Brasil, com cerca de 100 livrarias, ainda tinha unidades físicas. No Estado de São Paulo elas estavam na Praça da Sé, a segunda inaugurada pela empresa, ainda nos anos 1970, e também no Shopping Aricanduva, no Jundiaí Shopping e no Novo Shopping (Ribeirão Preto).
Quem entra no site da Saraiva ainda encontra um link para a área “Nossas lojas”, mas ao clicar nele é direcionado para uma página de “Mais vendidos”. Com o novo movimento, apenas o e-commerce deve continuar funcionando.
Histórico
A Saraiva foi fundada em 1914 em São Paulo pelo imigrante português Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva. Funcionando próxima à Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1917, passou a editar livros jurídicos.
A expansão da rede começou na década de 1970, com a abertura da segunda loja, na Praça da Sé. Na década seguinte, lojas foram abertas em shoppings e em outros Estados do País.
Segundo a companhia, os negócios começaram a perder ritmo em 2014, com a estagnação da economia do País. À época, a Saraiva afirmou que o faturamento foi impactado pela greve dos caminhoneiros e pela Copa do Mundo, pelo desabastecimento de fornecedores de telefonia e tecnologia, e por problemas na implementação do novo sistema interno de gestão.