Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2017
Se eleito em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva promete fazer um referendo para consultar a população sobre reformas, como a trabalhista, aprovada por Michel Temer. A declaração foi feita em entrevista publicada pelo jornal francês “Le Monde” nesse sábado.
“Se eu vencer as eleições, farei um referendo para perguntar a população sobre sua opinião. E o assunto será debatido no Congresso”, afirmou o expresidente ao diário.
Questionado sobre a política de Temer, Lula diz que “isso não é política”. “Ele não constrói nada.
Esse governo reprisa ‘O Exterminador do Futuro 1 e 2’. Ele destrói. Ele reduz o investimento em educação, aquilo que há de mais sagrado, em ciência e tecnologia, e se desfaz do patrimônio público”, afirma.
O petista não confirma se sairá candidato no ano que vem. “Não é minha preocupação. A hora da verdade chegará e o PT decidirá”, afirma ao jornal. Mas criticou a preocupação do mercado financeiro com sua candidatura, vista como a de um populista na América Latina. “Essa preocupação dos mercados é ridícula e hipócrita. Os mercados não têm medo de Lula porque eles já viveram em um país governado por Lula e foi um dos melhores momentos para a economia”, afirma.
“O que amedronta eles é que eu não vou deixar vender o patrimônio. Nós não vamos vender a Amazônia, não vamos vender a Petrobras, a Eletrobras ou os bancos públicos. E os mercados sabem que nós vamos privilegiar a produção à especulação”, afirma o ex-presidente.
Para Lula, o Brasil não precisa de um Emmanuel Macron, presidente francês que foi eleito com discurso de mudar o sistema político. “Deixem Macron governar para ver o que acontece. É uma teoria que venceu as eleições na França. Vejamos a prática. E nos falemos novamente daqui a cinco anos.”
Na entrevista, o petista diz não ser contra a Operação Lava-Jato, mas sim contra os “excessos” e as “mentiras”. “Toda política contra corrupção é bem-vinda. Mas o erro da Operação Lava-Jato foi politizar e midiatizar os debates, de se entregar à pirotecnia”, afirma.
Crítica
Lula aproveitou a entrevista para criticar o juiz Sergio Moro, que em julho deste ano o condenou a quase 10 anos de prisão. “Fui condenado em um processo em que o mesmo juiz reconhece que o apartamento não era meu e que não houve desvio de recursos da Petrobras”, denunciou.
“O juiz Sergio Moro, refém da mídia, estava condenado a me condenar. Os procuradores, presas de uma megalomania, asseguram que o Partido dos Trabalhadores queria o poder para roubar”, disse. “A Polícia Federal mente, o procurador mente e o juiz Moro transforma essas mentiras em processos judiciais”.
Lula, que espera em liberdade o resultado de seu recurso nesse julgamento, é réu em sete processos por delitos que vão de tráfico de influências a associação ilícita.