Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2022
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relatou, nesta terça-feira (27), que já andou com uma “garruchinha 22”, uma arma de cano curto. Ele contou o episódio ao criticar a política armamentista do presidente Jair Bolsonaro (PL), que “não distribui um livro didático para o ensino médio, mas está liberando a venda de armas”.
“Eu, quando namorava, muito tempo atrás, eu tinha uma garruchinha 22. Eu namorava até às 23h30min e tinha que sair a pé. Era longe pacas e não tinha ônibus. Eu tinha uma garruchinha, colocava ela aqui dentro, tirava as balas com medo que elas estourassem alguma coisa aqui dentro e colocava as balas no bolso. Se um cara viesse para cima de mim eu falava ‘oi, pera aí, deixar eu colocar as balas aqui’. Mas não tem necessidade para quem não sabe usar arma”, disse Lula em um evento em São Paulo.
Segundo o ex-presidente, a liberação da venda de armas ajuda o narcotráfico e o crime organizado.
“O crime organizado, há tempos atrás, quando queria arma, roubava um arsenal do exército do Rio de Janeiro, assaltava um arsenal da polícia pública aqui em São Paulo. Agora, ele compra. Ele pode comprar 12 mil balas, 4 ou 5 fuzis, metralhadora, pistola. Qual é o cidadão de bem que quer tantas armas?”, questionou Lula.
Em seu discurso, o petista também culpou o governo atual pelo aumento da violência em áreas como o esporte e a política.
“Hoje, as pessoas têm medo de colocar a camisa do seu time, dependendo do bairro em que ele está e isso motivado pelo ódio, pelo fascismo. Hoje, uma mulher grávida, que estava fazendo campanha política para o PT, um bolsonarista atacou essa mulher de porrada. Já mataram três ou quarto”, afirmou o candidato petista.
Prática de esportes
Lula disse ainda que é preciso adequar a estrutura das escolas no país para incentivar a prática de esportes pelos jovens. “Nós vamos ter que mudar o conceito das nossas escolas. É preciso fazer uma revolução da arquitetura brasileira. Porque todas as escolas brasileiras têm padrão igual: é um monte de concreto, de preferência vertical, com uma quadrinha de basquete ou de futebol de salão sem rede”, disse ao participar de um encontro com comunicadores, atletas e membros de torcidas organizadas em um hotel na capital paulista.
Para Lula, é importante que as escolas sejam capazes de oferecer alternativas além da sala de aula. “Ou seja, a escola tem que ser um instrumento de múltipla funcionalidade. Você tem que ter várias possibilidades das crianças na idade que elas podem aprender qualquer tipo de esporte”, acrescentou.
Com essas mudanças, o candidato acredita que as escolas podem, inclusive, ajudar a suprir a carência de espaços para prática de exercícios e lazer nas cidades. “Um menino em uma cidade pequena ou média não tem uma piscina pública. Os campos de futebol, na maioria, são de times privados que cercam e a molecada não pode entrar”, exemplificou.
A implantação desse novo modelo depende, segundo o candidato, de políticas que integrem as três esferas de governo. “É preciso que o Estado e os entes federados – União, estados e municípios – se coloquem de acordo que nós precisamos mudar o padrão para que a gente possa acreditar na prática do esporte”, enfatizou.
O candidato ressaltou ainda que esse tipo de investimento, de incentivo ao esporte de forma ampla, deve partir necessariamente dos governos. “Nenhum empresário, por mais progressista que seja, vai investir em um atleta antes desse atleta provar que pode dar retorno financeiro”, disse. As informações são do jornal O Globo e da Agência Brasil.