Domingo, 20 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2022
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o futuro ministro da Fazenda vai ser a “cara do sucesso do primeiro mandato” em que governou o País (2003-2006), mas avisou que será dele a palavra final sobre as decisões da política econômica do seu futuro mandato.
“O ministério tem autonomia, tem um monte de coisa, mas quem ganhou a eleição fui eu. Quero ter inserção nas decisões de economia neste País. Sei o que é bom para o povo, sei o que é bom para o mercado”, afirmou.
O presidente eleito vem sendo cobrado para anunciar logo o nome do novo ministro da Fazenda em meio à negociação para se aprovar a PEC da Transição, que prevê R$ 198 bilhões fora do teto de gastos, a regra que atrela o crescimento das despesas, em 2023. Lula não respondeu se já bateu o martelo no nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para comandar a Fazenda.
Nesta semana, ele se reuniu com os economistas que fazem parte da equipe de transição e deixou claro que tomou a frente da coordenação econômica, como mostrou a colunista Adriana Fernandes. Ao ser eleito, Bolsonaro delegou a condução da economia ao ministro Paulo Guedes, a quem se referia como “Posto Ipiranga”. Guedes precisou ceder, no entanto, quando as decisões envolviam assuntos de interesse do presidente ou sua busca à reeleição.
Apesar da pressão de setores da política e do mercado financeiro pela indicação de nomes para ocupar os ministérios, Lula disse que só começará a fazer as nomeações após a diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcada para o dia 12 deste mês.
“Já tenho 80% do ministério na cabeça, mas não quero construir pra mim, quero construir pra quem está aqui. Na medida que eles me ajudaram a enfrentar as forças que enfrentamos. Nunca vi alguém usar tanto aparelho do Estado pra ganhar a instituição. Temos esse compromisso com a parte da sociedade que nos ajudou. Vamos governar pra 200 milhões de pessoas”, disse Lula a jornalistas.
Segundo ele, a base da Esplanada será parecida com a que teve no segundo mandato (2007-2010) com um ministério ou secretaria com enfoque nos povos originários. “Quero conversar com vários companheiros e com indígenas, temos que ouvi-los e dar respeito. Eles são fundamentais pra nos ajudarem a cuidar das florestas e do clima do País”, afirmou.
Ao comentar sobre a estrutura de seu ministério, Lula disse que terá a mesma estrutura de governos anteriores, com o retorno de pastas como o Ministério do Desenvolvimento, da Pesca, da Mulher e dos Direitos Humanos, por exemplo, mas que avalia ainda a criação de uma nova pasta sobre os povos originários.
Ao abordar a montagem dos ministérios, Lula se esquivou de confirmar se o ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio será o titular da pasta da Defesa. Ele é tido como certo para ocupar o cargo. Havia a expectativa de que o petista o nomeasse para a exercer a função na semana que vem, quando está prevista a troca de comando nas Forças Armadas.
O presidente eleito se restringiu a dizer que “não tem nada certo” sobre o comando da Defesa e que não tem pressa em definir os nomes. Aliados do presidente Bolsonaro, contudo, têm apelado aos comandantes das Três Forças para que impeçam a posse de Lula em 1º de Janeiro do ano que vem. Nesta semana, completou um mês dos acampamentos de apoiadores do presidente em frentes aos quartéis do Exército.