Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou em dúvida nessa quarta-feira (17) a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. De acordo com o petista, o avanço pode ser barrado pela resistência de governos europeus. Lula afirmou ainda que, caso a União Europeia não aceite assinar o tratado no próximo sábado, o acordo não será mais concluído durante o seu mandato.
A expectativa era de que as negociações fossem finalizadas na próxima cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR), mas a oposição da Itália e França tem dificultado o desfecho das tratativas.
“Se a gente não fizer agora o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente. Faz 26 anos que a gente espera esse acordo, o acordo é mais favorável pra eles do que para nós. Eu agora estou sabendo que eles não vão conseguir aprovar, está difícil porque a Itália e a França não querem fazer por problemas políticos internos”, disse Lula durante reunião ministerial.
“Eu vou a Foz do Iguaçu na expectativa de que eles digam sim e não digam não. Mas, se disserem não, nós vamos ser duros, daqui para frente, com eles, porque nós cedemos a tudo o que era possível a diplomacia ceder”, pontuou.
Mais cedo, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que seu país não está pronto para assinar o amplo acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
“Seria prematuro assinar o acordo nos próximos dias (porque algumas salvaguardas que a Itália deseja para proteger seus agricultores) ainda não foram concluídas”, declarou Meloni em um discurso no Parlamento.
Contudo, ela afirmou que está “muito confiante” de que as condições existirão para assinar o acordo no início de 2026.
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, indicou nesta quarta-feira que a França se oporá “veementemente” à possível adoção do acordo comercial entre UE e Mercosul.
“Se houver uma tentativa por parte das instituições europeias de impô-lo, a França se oporá veementemente” declarou Macron durante uma reunião de gabinete, segundo a porta-voz do governo, Maud Bregeon.
A Comissão Europeia, apoiada pela Alemanha, a maior economia europeia, tenta obter o respaldo dos países da UE antes do fim do ano para o acordo com o Mercosul, integrado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Na terça-feira, o presidente Lula pediu que Macron e Meloni ‘assumam a responsabilidade’ e deem aval ao acordo Mercosul-UE. A assinatura do acordo estava prevista inicialmente para acontecer durante a cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, no próximo sábado, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
O pacto criaria a maior zona de livre comércio do mundo e permitiria à UE exportar mais veículos, máquinas, vinhos e bebidas alcoólicas para a América Latina, ao mesmo tempo que facilitaria a entrada de carne, açúcar, arroz, mel e soja sul-americanos na Europa.
Alguns países, como Espanha e Alemanha, pressionam por uma aprovação rápida, mas a França expressou preocupação com o impacto sobre seu setor agrícola e quer adiar a votação para 2026.
Em uma mensagem antes da reunião do Conselho Europeu, na quinta e sexta-feira em Bruxelas, a primeira-ministra declarou que a Itália tem “trabalhado intensamente com a Comissão” em suas demandas.
As medidas desejadas por Roma incluem mecanismos de salvaguarda, um fundo de compensação e mais regulamentações sobre pragas e doenças.
“Todas as medidas, embora tenham sido apresentadas, não foram totalmente concluídas. Portanto, acreditamos que assinar o acordo nos próximos dias, como foi sugerido, ainda é prematuro”, afirmou.
Giorgia Meloni explicou que isso “não significa que a Itália pretende bloquear ou rejeitar o acordo em seu conjunto”. “Estou muito confiante de que, no início do próximo ano, todas as condições serão atendidas”, completou. As informações são do jornal O Globo.