Terça-feira, 02 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante ligação no começo da tarde desta terça-feira, sobre o uso do estado americano de Delaware para lavar dinheiro fraudado de impostos no Brasil.
Na véspera da conversa, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, fez uma apresentação sobre as fraudes a Lula e a ministros em reunião no Palácio do Planalto. De acordo com investigações do órgão, o Grupo Refit teria movimentado R$ 72 bilhões em um ano para ocultar lucros por meio de offshores em Delaware, que é um paraíso fiscal.
Ao fim da reunião, o presidente pediu que o material da apresentação fosse traduzido para o inglês para que pudesse ser usado na conversa com Trump. Estavam presentes os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Ricardo Lewandowski (Justiça), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Comunicação Social), Rui Costa (Casa Civil) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
No dia 27, data em que a Polícia Federal deflagrou a Operação Poço de Lobato, sobre fraudes atribuídas ao Grupo Refit, dono da Refinaria de Manguinhos (RJ), Haddad já havia falado sobre o uso de empresas do estado de Delaware.
— Queremos pautar com os Estados Unidos conversas sobre crime organizado. Estão abrindo empresas em Delaware. Fazem um empréstimo para fundos, que, pela suspeita da Receita, jamais serão pagos e esse dinheiro volta em forma de aplicação no Brasil, como se fosse um investimento estrangeiro direto — afirmou o ministro da Fazenda, na ocasião.
O chefe da equipe econômica também classificou o esquema como uma “triangulação internacional gravíssima” e disse que havia sido identificada uma última operação de R$ 1,2 bilhão, que simulava um investimento estrangeiro.
— Não sabemos quantos fundos são. É importante ter colaboração internacional — afirmou o ministro.
Ao tomar conhecimento das falas de Haddad, Lula pediu ao ministro que providenciasse a apresentação com os detalhes das fraudes. Na nota divulgada nesta terça-feira, após a conversa com Trump, o governo brasileiro diz: “O presidente Lula igualmente ressaltou a urgência em reforçar a cooperação com os EUA para combater o crime organizado internacional. Destacou as recentes operações realizadas no Brasil pelo governo federal com vistas a asfixiar financeiramente o crime organizado e identificou ramificações que operam a partir do exterior. O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas.”
A Operação Poço de Lobato contra o Grupo Refit revelou um esquema de sonegação fiscal que, segundo o governo de São Paulo, chegava a R$ 350 milhões por mês e envolvia importadoras, distribuidoras, formuladoras, postos, fundos de investimento e empresas de fachada no Brasil e no exterior. Com informações do portal O Globo.