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Geral “Máfia dos concursos”: como era o esquema familiar que cobrava até R$ 500 mil por cargo público

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Os valores exigidos variavam conforme o cargo e o grau de dificuldade do concurso. (Foto: Pedro Guerreiro/Ag. Pará)

Uma operação da Polícia Federal, deflagrada na semana passada, revelou um esquema de fraudes em concursos públicos que funcionava como uma empresa familiar. O grupo, com base em Patos, no Sertão da Paraíba, cobrava até R$ 500 mil por vaga e usava tecnologia para burlar os sistemas de segurança das bancas, incluindo dublês, pontos eletrônicos implantados cirurgicamente e comunicação em tempo real durante as provas.

Os valores exigidos variavam conforme o cargo e o grau de dificuldade do concurso e, além de dinheiro vivo, o grupo aceitava pagamentos em ouro, veículos e até procedimentos odontológicos como forma de quitar a propina, segundo a investigação.

De acordo com o relatório apresentado pela PF, o esquema era liderado por Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar expulso da corporação em 2021. Ele é apontado como o principal articulador da quadrilha, responsável por negociar com candidatos, coordenar a logística das provas e distribuir os gabaritos.

A investigação indica que os crimes já aconteciam há mais de uma década. Durante todo o período, o grupo teria vendido aprovações, corrompido agentes de fiscalização e utilizado mecanismos sofisticados de fraude e falsificação para garantir cargos de alto escalão.

Segundo a PF, as fraudes alcançaram concursos da Polícia Federal, Caixa Econômica Federal, Polícias Civil e Militar, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Banco do Brasil e até o Concurso Nacional Unificado (CNU).

Wanderlan, líder da quadrilha, tem uma ficha criminal extensa — que inclui homicídio, peculato (roubo ou desvio de dinheiro ou bens públicos), concussão (quando um funcionário público exige dinheiro ou vantagem indevida, usando a autoridade do cargo), roubo majorado (com agravantes), abuso de autoridade e uso de documento falso.

Depois de ser expulso da PM em 2021, ele chegou a prestar concurso na Previdência Social, tendo sido aprovado como técnico do Seguro Social. A PF não identificou a participação de Wanderlan em nenhum concurso em 2023, mas indicou que ele voltou a fazer provas em 2024, prestando para o concurso do Banco do Brasil e do próprio CNU.

Ainda segundo a PF, Wanderlan teria se inscrito no CNU apenas para provar aos “clientes” que o sistema de fraude era eficiente. E conseguiu: foi aprovado para o cargo de auditor fiscal do trabalho, que tem o maior salário inicial, de R$ 22,9 mil. Após o resultado, não compareceu ao curso de formação.

Em um áudio interceptado pelos investigadores, gravado em 4 de junho de 2024, logo após o adiamento do CNU, Wanderlan conversa com o filho, Wanderson Gabriel Limeira de Souza, que seria o responsável pela execução técnica e mentor das fraudes:

“Você esqueceu que tem o CNU, meu filho. A nossa comissão vai ser lá no CNU. Vou batalhar pra nós, ver se ‘nós consegue’ na ‘poiva’ (dinheiro).”

Inicialmente, as provas da 1ª edição do CNU seriam aplicadas em maio, mas foram adiadas dois dias antes por causa da chuva histórica que atingiu o Rio Grande do Sul. A aplicação foi realizada somente em agosto.

Conforme o relatório da PF, para manter o esquema ativo, Wanderlan contava com o apoio de familiares: os irmãos Valmir Limeira de Sousa e Antônio Limeira das Neves, a cunhada Geórgia de Oliveira Neves e a sobrinha Larissa de Oliveira Neves ocupavam funções distintas dentro da estrutura.

Larissa, por exemplo, também foi aprovada no CNU e, segundo os investigadores, era usada como “vitrine” para atrair novos interessados. Já Wanderlan, ao ser aprovado em vários concursos, reforçava a ideia de que o método era infalível.

Além da família Limeira, a PF identificou outros possíveis integrantes da organização.

Entre eles, Ariosvaldo Lucena de Sousa Júnior, policial militar no Rio Grande do Norte e dono de uma clínica odontológica suspeita de ser usada para lavagem de dinheiro, e Thyago José de Andrade, conhecido como “Negão”, apontado como uma das pessoas que controlava os pagamentos do esquema e responsável por repassar as informações sobre a fraude para os candidatos.

Ainda segundo a PF, Thyago ainda teria emprestado R$ 400 mil para Antônio Limeira (irmão de Wanderlan), para pagar a fraude que garantiu a aprovação de Larissa (filha de Antônio). A companheira de Thyago, Laís Giselly Nunes de Araújo, também é apontada como uma das possíveis beneficiadas das fraudes.

A advogada recifense é suspeita de praticar 14 fraudes em certames. A mais recente aprovação de Laís Giselly é no Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), que suspendeu o resultado do concurso público divulgado nesta semana.

Luiz Paulo Silva dos Santos, com histórico extenso de participação em fraudes de concursos — e suspeito de envolvimento em mais de 67 certames —, também é apontado como uma das figuras centrais da organização criminosa liderada pela família Limeira.

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