Segunda-feira, 18 de março de 2024
Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2021
A maior parte da população brasileira está pessimista e teme piora da situação econômica nos próximos seis meses, segundo levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A percepção é negativa tanto em relação ao desemprego quanto a poder de compra, inflação, custo de vida e taxa de juros.
“Mesmo com a projeção de crescimento do PIB (produto interno bruto) em 2021 entre 5% a 5,5%, o avanço da vacinação contra a covid-19, e a flexibilização de boa parte das restrições impostas em todos os setores, a maioria da população permanece apreensiva”, diz a entidade em nota.
De acordo com a pesquisa, 55% dos brasileiros não acreditam que a situação financeira pessoal se recupere ainda esse ano. Essa fatia era de 52% em junho.
Mais de dois terços dos entrevistados (68%) estimam que a economia brasileira só deve dar sinais de melhora a partir do ano que vem. O percentual daqueles que acham que a economia não vai se recuperar passou de 9% em março para 15% em setembro.
A pesquisa foi realizada com 3 mil entrevistados em todas as regiões do Brasil entre os dias 2 e 7 de setembro. Veja destaques da pesquisa:
Em uma projeção para os próximos seis meses:
— 76% apostam no aumento da taxa de juros
— 74% acreditam que a inflação e o custo de vida irão aumentar
— 54% preveem o aumento do desemprego
— 51% creem que o poder de compra das pessoas vai diminuir
Renda para consumo
Pelo País, não faltam exemplos de brasileiros que estão com dificuldade para fechar a conta todo mês. Neste ano, de cada R$ 100 do orçamento das famílias brasileiras, sobram apenas R$ 41,22 para consumir, pagar dívidas e investir, mostra um levantamento da consultoria Tendências.
Isso significa que a maior parte da renda vai para itens considerados essenciais – como combustível, energia elétrica, transporte, entre outros. As famílias não tinham uma situação financeira tão apertada desde 2005, quando a renda disponível era de apenas R$ 40,98.
O orçamento dos brasileiros tem sido pressionado por uma combinação bastante perversa: uma alta dos preços dos alimentos, que se arrasta desde o ano passado, e um aumento do valor dos combustíveis e da energia elétrica.
“No meio do ano passado, itens como alimentação em domicílio passaram a pressionar o orçamento”, afirma Isabela Tavares, economista da consultoria Tendências e responsável pelo levantamento. “Neste ano, a gente vê bastante pressão por parte de combustíveis e, agora, tem a energia elétrica.”
Em detalhe, os números mostram que a situação é ainda mais dramática para os brasileiros das classes D e E, que ganham até R$ 2,6 mil por mês e sofrem mais com o aumento dos preços. Para esse grupo, sobram apenas R$ 21,63 por mês.
“Não tem escapatória. As classes mais baixas não têm como se defender muito nesse momento. A gente está com um nível de desemprego recorde no Brasil”, diz o economista Marco Maciel. “O desemprego afetando milhões de brasileiros tende a fazer com que a capacidade de reagir ao aumento da inflação seja muito limitada.”