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Colunistas Mais da metade da COP30 já passou, e o sábado foi marcado por avanços diplomáticos, mobilizações populares e uma expectativa crescente por resultados concretos

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(Foto: Aline Massuca/COP30)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Blue Zone: onde o mundo negocia o futuro

Na Blue Zone, espaço reservado às delegações oficiais, diplomatas e técnicos climáticos, os trabalhos de sábado seguiram intensos. É ali que acontecem os debates mais estratégicos, negociações multilaterais e a redação de documentos que podem se transformar em tratados internacionais. Embora ainda não tenha sido divulgado nenhum acordo final, rascunhos de compromissos climáticos começaram a circular, especialmente nos eixos de financiamento climático, transição energética e justiça ambiental.

Os países seguem apresentando suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) — compromissos voluntários assumidos por cada nação para reduzir emissões de gases de efeito estufa e se adaptar às mudanças climáticas. A entrega das NDCs é um termômetro da seriedade com que cada governo encara a COP, e embora muitos países tenham atualizado suas metas, ainda há ausências preocupantes.

A condução dos eixos temáticos — como biodiversidade, transição energética, financiamento e adaptação — tem avançado com ritmo desigual. Enquanto alguns grupos técnicos mostram progresso, outros enfrentam impasses, especialmente nas metas de descarbonização e compensações climáticas.

O Mutirão Global pela Ação Climática

A presidência brasileira da COP30 lançou o Mutirão Global pela Ação Climática, uma proposta inovadora que busca mobilizar governos, movimentos sociais, juventudes, povos originários, setor privado e academia em torno de uma agenda coletiva e transformadora. Mais que um evento, o mutirão é um método contínuo de mobilização que começa antes, atravessa e segue além da COP — um chamado para que todos os territórios se tornem protagonistas da mudança.

Green Zone: cultura, ciência e participação

A Green Zone, instalada no Parque da Cidade, funcionou normalmente no sábado com oficinas, exposições, debates e apresentações culturais voltadas à bioeconomia, inovação e justiça climática. No domingo, porém, a programação será suspensa, com retorno previsto para segunda-feira. Isso faz com que os eventos paralelos ganhem força aos domingos, ocupando espaços alternativos como universidades, centros culturais e auditórios parceiros.

Passeata da Cúpula dos Povos: vozes que ecoam

O ponto alto da semana foi a Passeata da Cúpula dos Povos, que reuniu cerca de 70 mil pessoas pelas ruas de Belém. A marcha percorreu cerca de 4 km entre o Mercado de São Brás e a Aldeia Amazônica, sob um sol de 30°C, com palavras de ordem por justiça climática, demarcação de territórios e fim do racismo ambiental.

Estiveram presentes lideranças indígenas, como Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, referência na luta por direitos originários. Também participaram autoridades como Guilherme Boulos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e representantes de movimentos sociais de todos os continentes. Entre as celebridades, marcaram presença Camila Pitanga, Seu Jorge e Maria Gadú, que se apresentaram em apoio à causa. Apesar da grande mobilização, não foram registrados incidentes graves, e a segurança pública atuou com reforço e bloqueios viários para garantir a fluidez do ato.

Importante destacar que Ailton Krenak não participou da passeata, por decisão própria. Em entrevistas recentes, ele criticou a condução da COP30, afirmando que a conferência foi “sequestrada pela perspectiva econômica” e que o clima virou mercado. Krenak também condenou a licença concedida à Petrobras para perfurar na Foz do Amazonas, apontando contradições entre o discurso ambiental e as ações políticas.

É preciso dizer: quem busca apenas os holofotes sem compromisso real com a causa ambiental contribui pouco para a transformação que precisamos. A passeata foi marcada por emoção, diversidade e reivindicações concretas — como o lançamento de uma carta da Cúpula dos Povos com propostas para uma transição justa e ações efetivas de mitigação climática.

Enquanto isso, na Casa BNDES…

Este colunista não participou da passeata. Estava focado na organização do painel “Legado Lutzenberger”, que acontece neste domingo às 17h na Casa BNDES, dentro da agenda cultural da COP30, o CINECOP. Terei a honra de mediar o debate com Sérgio Xavier, enviado especial da COP30 e coordenador do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima; Dra. Irene Carniatto, referência em educação ambiental; e Arnildo Schildt, articulador de dezenas de projetos ambientais. Também coordeno o lançamento do documentário “Sociedade Regenerativa”, filmado no Rincão Gaia, espaço criado por José Lutzenberger.

Reflexão final

Enquanto propostas, compromissos e pactos climáticos são costurados na Blue Zone, é nos espaços paralelos que o chamado à ação ganha corpo. O mutirão de vozes nacionais e globais está ecoando — e é nele que reside a esperança de uma virada civilizatória. Que a COP30 não seja apenas mais uma conferência, mas o início de uma nova consciência planetária.

Renato Zimmermann – Desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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