Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de maio de 2025
A faculdade costuma ser vista como os melhores quatro anos da vida, mas muitos americanos hoje se dizem arrependidos. Mais de um terço dos graduados considera que o diploma foi um “desperdício de dinheiro”, segundo pesquisa da plataforma de vagas Indeed.
Entre os jovens da geração Z, esse índice chega a 51% — contra 41% dos millennials e 20% dos baby boomers. O levantamento foi feito com 772 profissionais com diploma nos Estados Unidos.
Especialista em tendências de carreira na Indeed, Kyle M.K. afirma que cresce o número de profissionais com diploma questionando seu retorno sobre o investimento.
O custo médio de um bacharelado dobrou em duas décadas, ultrapassando US$ 38 mil, e a dívida estudantil total beira os US$ 2 trilhões. Além disso, 38% sentem que os empréstimos limitam mais o avanço de suas carreiras do que o diploma as impulsiona.
Isso tem levado instituições e empresas a dar mais valor às habilidades práticas do que ao prestígio acadêmico: hoje, 52% das vagas na plataforma de vagas Indeed não exigem formação formal.
Para muitos, porém, essa percepção veio tarde demais. Cerca de 4,3 milhões de jovens da geração Z estão hoje fora da educação, do emprego ou de treinamentos — o grupo conhecido como “nem nem” (nem estudam nem trabalham) — e sem direção clara para retomar suas carreiras.
Visão curta
Em um mercado de trabalho instável, é difícil para os jovens visualizarem o retorno de longo prazo de um curso superior. Em áreas como psicologia, filosofia e inglês, por exemplo, pode levar mais de 20 anos até que o investimento se pague, segundo a Education Data Initiative.
Christine Cruzvergara, diretora de estratégia educacional da Handshake, alerta que avaliar o ensino superior apenas por ganhos imediatos é “visão curta”.
“O valor da universidade vai além do primeiro emprego: são oportunidades de avanço na carreira, exposição a novos campos, autoconhecimento e desenvolvimento de liderança e gestão.”
Quase 70% dos jovens formados dizem que poderiam exercer seus cargos sem um diploma, mas, sem a experiência universitária, talvez não tivessem acesso à rede de contatos necessária.
Cruzvergara lembra o exemplo de Mark Zuckerberg: ele deixou Harvard no segundo ano, mas só conseguiu construir o império do Facebook graças aos quatro cofundadores que conheceu na universidade.
“A Geração Z precisa de uma conexão mais clara entre o investimento em educação e os resultados alcançados”, conclui.
Inteligência artificial
A disseminação da inteligência artificial em todos os âmbitos acentua o descrédito em torno dos diplomas: 30% dos formados dizem que a IA tornou seu grau acadêmico irrelevante — número que sobe para 45% entre a geração Z.
Apesar dos esforços de líderes do setor, o temor persiste. “A IA não vai tirar seu emprego”, afirmou o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos. “Mas quem aprender a usá-la bem pode tomar o seu lugar.”
Segundo Kyle M.K., áreas como programação básica, análise de dados simples e produção de conteúdo padronizado são altamente vulneráveis, enquanto enfermagem, gestão de projetos complexos e estratégia criativa continuam relativamente protegidos.
O executivo saleinta que a IA é mais ferramenta de potencialização do que agente de demissão. “Quem investir em aprendizado contínuo e dialogar com o empregador sobre IA terá vantagem competitiva. A inteligência artificial não anula uma boa formação, mas recompensará quem mantiver suas habilidades sempre atualizadas”, diz Kyle. Com informações de O Estado de S. Paulo.