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Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2018
A crise econômica venezuelana fez com que mais da metade dos médicos, em sua maioria de hospitais públicos, deixasse o país entre 2012 e 2017, informou um relatório sobre o direito à saúde publicado nesta quinta-feira (11) por ONGs.
“Entre 2012 e 2017, 22 mil médicos venezuelanos emigraram”, o que representa uma perda de ao menos 55% sobre o total de 39.900 registrado pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) em 2014”, indicou o documento.
A investigação foi realizada por 12 organizações não governamentais que defendem os direitos dos pacientes.
Às partidas dos médicos se somam às de 6.600 bioanalistas (33% de 20 mil) e 6.030 enfermeiras (24% de cerca de 24.500, segundo a Opas em 2014), com o que aumentou em 74% o déficit de enfermeiros no país, detalhou o informe.
O documento diz também que, de 30 milhões de venezuelanos, 18,7 milhões, ou 62,3% não têm garantias de acesso a diagnósticos nem a tratamentos.
A economia da Venezuela entrou em crise com a queda dos preços do petróleo, seu principal produto de exportação, a partir de 2014. Sem reservas de moeda forte, e dependente de importações para insumos básicos, o país enfrenta dificuldades para comprar medicamentos e alimentos do exterior.
Um relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) do ano passado listou a Venezuela como um dos quatro países que enfrentam uma epidemia de malária, juntamente com Iêmen, Nigéria e Sudão do Sul.
O ministério da Saúde do país reconheceu que entre 2015 e 2016 houve um aumento de 33% na mortalidade infantil e de 66% na mortalidade materna.
Inflação
O FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta que inflação na Venezuela chegará a 10.000.000% em 2019. Para 2018, o órgão prevê que o índice atingirá 1.350.000%, ante uma previsão anterior de até 1.000.000%. As estimativas fazem parte do relatório Perspectiva Econômica Mundial, divulgado na segunda-feira (8).
De acordo com o FMI, estima-se que a hiperinflação “se agrave rapidamente” na Venezuela, “impulsionada pelo financiamento monetário de grandes déficits fiscais e pela perda de confiança na moeda”.
A Assembleia Nacional da Venezuela, parlamento controlado pela oposição ao governo de Nicolás Maduro, informou por sua vez que a inflação do país em 2018 deverá ser de quase 4.300.000%.
No relatório, o FMI manteve a previsão de que a economia da Venezuela recuará 18% em 2018, e 5% em 2019, pressionada “pela queda na produção de petróleo e instabilidade política e social”.
Em 2017, o PIB (Produto Interno Bruto) da Venezuela recuou 14%, na quarta queda anual consecutiva.
Em agosto, o governo de Maduro anunciou o corte de cinco zeros da moeda local, que passou a se chamar bolívar soberano, numa tentativa de controlar a hiperinflação no país. O pacote de Maduro, contudo, foi recebido com ceticismo por analistas e pela oposição.
O parlamento venezuelano, que informa os números da inflação desde janeiro de 2017 de forma independente do governo, já que o Banco Central está há mais de dois anos sem dar estes dados, disse no começo de setembro que o último pacote de medidas econômicas anunciado por Maduro “disparou a hiperinflação” que afeta o país desde outubro de 2017.
Em entrevista coletiva, o legislador Juan Andrés Mejía disse que a inflação no país “não vai cair, mas aumentar”, e recomendou aos venezuelanos comprar “algum ativo” com o dinheiro que tenham nos bancos, destaca a agência EFE. “Não deixe dinheiro no banco, para que pelo menos não perca seu valor”, afirmou.