Domingo, 28 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de dezembro de 2025
Pelo menos 20 dos 38 ministros do governo Lula deixarão seus cargos até abril de 2026, seguindo os prazos previstos pela legislação eleitoral para que pré-candidatos se desincompatibilizem de suas funções atuais. A movimentação abre a possibilidade para que uma equipe com perfil mais técnico e menos político seja alçada ao primeiro escalão, afirmam fontes do Executivo, que ponderam, por outro lado, que isso pode gerar desafios adicionais nas negociações com o Congresso.
Diante da indefinição em relação às alianças para 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve convocar, no início do próximo ano, reuniões com os ministros que já manifestaram intenção de concorrer às eleições de outubro. A expectativa é que os titulares das pastas deixem gradualmente os cargos ao longo dos primeiros meses do ano, sendo substituídos de forma concomitante. Lula pressupõe que tais mudanças levam em conta que os substitutos devem permanecer no governo até o fim do governo.
Esse cálculo também considera o desenho mais recente da Esplanada, já incorporando a entrada do novo ministro do Turismo, Gustavo Feliciano, no lugar de Celso Sabino. Não contabiliza a potencial saída do advogado-geral da União, Jorge Messias, uma vez que sua exoneração só ocorrerá se sua indicação, feita pelo presidente, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) for aprovada pelo Senado – e não devido às eleições. Ele só será sabatinado pelo Senado a partir de fevereiro.
Eleição de senadores
A tendência predominante é que oito ministros concorram a vagas no Senado – prova de como a disputa por essa Casa do Parlamento é considerada crucial para a relação dos Poderes.
A eleição de senadores é uma das principais preocupações de Lula, já que a Casa tem a prerrogativa de analisar questões sensíveis, como o impeachment de ministros da Corte Suprema e indicações para agências reguladoras.
Por conta disso, o chefe do Executivo quer formar um grupo de ministros para disputar o pleito e fazer frente ao avanço da extrema-direita. Em 2026, o Senado terá a renovação de dois terços de seus integrantes, ou seja, serão eleitos 54 senadores no ano que vem, de um total de 81.
De volta à Câmara
Outros cinco ministros tendem a concorrer a cadeiras na Câmara dos Deputados. Um desses desfalques se dará no Palácio do Planalto e irá influenciar a dinâmica da articulação com o Congresso. Deputada licenciada pelo PT do Paraná, a ministra de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann, nos próximos meses deve deixar o cargo para tentar renovar sua cadeira na Câmara. Sua substituição ainda está incerta.
Dois ministros são cotados para disputar governos estaduais. São os casos de Márcio França, ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que planeja concorrer ao governo de São Paulo pelo PSB, e de Renan Filho, titular dos Transportes, que almeja disputar o governo de Alagoas pelo MDB.
Sidônio Palmeira, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), sairá do governo não para disputar cargo eletivo, mas, sim, focar na campanha de Lula. No Palácio do Planalto, o entendimento é que o novo titular precisa ter habilidade para construir e sustentar a narrativa do governo, garantindo visibilidade e continuidade aos programas, sobretudo em ano eleitoral. O sucessor de Sidônio ainda não está definido.
Haddad e Tebet
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que gostaria de ter destino semelhante ao de Sidônio. Aliados alegam que o ministro tem dito a Lula que não tem intenção de concorrer a nenhum cargo nas eleições e que gostaria de focar na campanha à reeleição do próprio presidente, mas que fará o que lhe for determinado pelo chefe do Executivo.
Haddad é considerado a principal peça neste tabuleiro por sua proximidade com Lula. Ele é um dos principais expoentes da esquerda com capilaridade em São Paulo – tendo como base o resultado de 2022 – e pode dar tração ao presidente em uma reeleição no ano que vem. Ainda, é visto como o sucessor de Lula em 2030. Por conta disso, sua candidatura no pleito de 2026 é considerada estratégica.
Segundo auxiliares, Lula não deve desistir de expor o titular da Fazenda em um palanque no ano que vem, justamente para testar seu nome no cenário nacional e ter a possibilidade de prepará-lo para 2030. Neste caso, a candidatura ao Senado é a mais provável.
Paralelamente à incerteza sobre Haddad, Simone Tebet também ainda não definiu seu futuro político. A ministra é do Mato Grosso do Sul e filiada ao MDB, mas, nos últimos meses, vem estudando a mudança de domicílio eleitoral para São Paulo. Caso essa situação se concretize, ela também mudaria de partido. Tebet passou a ser sondada pelo PT para disputar uma das vagas ao Senado pela legenda. A decisão, no entanto, ainda será debatida com o chefe do Executivo federal. As informações são do Valor Econômico.