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Por Redação O Sul | 29 de fevereiro de 2020
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, informou que mais de 20 vacinas contra coronavírus estão sendo desenvolvidas em testes clínicos pelo mundo e que os primeiros resultados são esperados para as próximas semanas.
Em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, o médico etíope disse que a maior parte dos pacientes diagnosticados com a doença será eventualmente curada. “A chave para conter o coronavírus é quebrar as redes de transmissão”, explicou.
Segundo representantes da entidade, investigações estão sendo realizadas para entender por que o vírus foi identificado em um cachorro, em Hong Kong. Também estão sendo conduzidos estudos para descobrir o hospedeiro intermediário do patogênico.
A OMS também negou que haja evidências de que o coronavírus tenha comportamento diferente em países tropicais, como Brasil e México, que confirmaram os primeiros casos latino-americanos esta semana.
48 horas
Pesquisadores do Brasil e da Universidade de Oxford sequenciaram o genoma do vírus 2019 n-CoV do primeiro caso confirmado da doença em São Paulo. O trabalho, geralmente feito em 15 dias pelos cientistas, foi realizado em apenas dois dias, de acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp).
A primeira análise preliminar feita pelos cientistas mostra que o genoma do coronavírus diagnosticado no Brasil difere em três pontos no código genético do vírus encontrado inicialmente em Wuhan, cidade chinesa onde a doença surgiu. De acordo com uma das autoras do estudo, Ester Cerdeira Sabino, quanto mais desvendarmos o RNA do vírus, mais podemos rastrear o caminho dele.
“Como o vírus do Brasil foi detectado da Itália, e vimos que é diferente do encontrado na Alemanha, com duas mutações similares apenas, já dá para ver que mais de uma pessoa passou a transmitir a doença na Europa”, explicou Sabino.
Além disso, é possível fazer a associação das mudanças no RNA com alguma característica da epidemia. Sabino dá o exemplo do Irã, que tem apresentado uma taxa de mortalidade maior.
“O que vamos estudar é se tem alguma influência [a mutação]. Por exemplo, no Irã está tendo um avanço maior. É um exemplo teórico. Temos que sequenciar e pesquisar se a mutação tem alguma influência nisso”.
A análise genética do RNA de um vírus também é fundamental para o desenvolvimento de vacinas e para a criação de testes diagnósticos. Uma análise preliminar da sequência já está disponível online para consulta de outros pesquisadores do mundo.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Adolfo Lutz em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e com a Universidade de Oxford.