Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de dezembro de 2018
A ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou que o número de venezuelanos fugindo da crise econômica e humanitária no país deve chegar a 5,3 milhões até o fim de 2019, tornando-se o maior êxodo na história moderna latino-americana.
Cerca de metade dos venezuelanos deve permanecer na Colômbia, enquanto outros devem rumar para o Equador, o Peru e o Cone Sul.
Cerca de 5 mil venezuelanos fogem do país diariamente — contra um pico de 13 mil fugas diárias em agosto —, segundo Eduardo Stein, representante especial do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas) e da OIM (Organização Internacional para Migração).
“A região terá de responder a uma emergência que em algumas áreas foi quase semelhante a um grande terremoto. Estamos realmente enfrentando um terremoto humanitário”, afirmou.
O Acnur estima que 3,3 milhões de pessoas tenham deixado a Venezuela desde 2015. Desse total, 365 mil buscaram refúgio.
“As razões pelas quais essas pessoas fugiram vão desde fome até violência e falta de segurança. Nós no Acnur acreditamos que muitos têm motivos válidos para buscar proteção internacional”, afirmou o chefe do Acnur, Filippo Grandi.
O Acnur afirmou que organizações humanitárias vão precisar de US$ 738 milhões (R$ 2,8 bilhões) para fornecer aos imigrantes serviços básicos como alimentação e abrigo emergencial.
O plano tem como meta ajudar venezuelanos a se tornarem produtivos nos países receptores, disse Antonio Vitorio, diretor-geral da OIM.
“Isso significa focar no acesso ao mercado de trabalho, no reconhecimento das qualificações e também na garantia de serviços sociais nesses países, especialmente moradia, saúde e educação”, afirmou.
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, diz que a crise econômica do país é provocada pelas sanções americanas e por uma “guerra econômica” liderada por seus adversários políticos.
Em reunião recente no Equador, países da região se comprometeram a formular uma resposta conjunta à crise imigratória, estabelecendo um processo mais simples para que os imigrantes possam regularizar seu status.
Um grupo bipartidário de senadores americanos propôs recentemente dar status de proteção temporária a imigrantes venezuelanos que cheguem aos Estados Unidos.
Miss Venezuela
Penteados em troca de publicidade, um novo código de ética. O concurso Miss Venezuela, que realizou no dia 13 de dezembro sua 65ª edição, tenta se reinventar para superar o estrago da crise econômica, sepultar os escândalos de supostos abusos e abrir as portas para as transexuais.
A vencedora desta edição foi Isabella Rodríguez, de 25 anos, morena de 1,78 metro nascida em Petare, a maior favela da Venezuela, em Caracas. A comunidade tem mais de 500 mil moradores.
“De Petare para o mundo, os sonhos podem sim se tornar realidade”, disse Isabella, que representará a Venezuela no concurso Miss Mundo em 2019.
A opulência é coisa do passado nesse concurso que formou sete ganhadoras do Miss Universo e seis do Miss Mundo. De um estádio de Caracas, com capacidade para 20 mil pessoas, passou para um estúdio da emissora de TV, com capacidade para cerca de 200.
A organização teve que trabalhar duro para não deixar o concurso morrer, trocando penteados e maquiagem por anúncios no canal e dividindo os custos do vestuário com os estilistas.
“Assim como não temos como realizar um Miss Venezuela opulento, porque o momento do país não o justifica, tampouco queremos ceder espaços. Estamos nos adequando aos recursos que temos”, disse Nina Sicilia, produtora do evento.
As coreografias da cerimônia e o show musical foram feitos por jovens talentos venezuelanos, alguns estreantes na televisão. Antes, o concurso recebia os maiores cantores do país.
O espetáculo se adapta assim a uma crise de cinco anos de recessão, escassez de produtos básicos e inflação prevista pelo FMI de 10.000.000% para 2019. Uma mistura que obrigou 2,3 milhões de venezuelanos a deixar o país desde 2015.
“As 24 jovens estão sofrendo com os mesmos problemas do resto da sociedade”, diz Nina, vice-campeã do Miss Venezuela em 1985.
As candidatas também tiveram que se adaptar ao alto índice de criminalidade e ao colapso do sistema de transportes por falta de peças de reposição.
Como algumas vão para o ensaio de ônibus ou metrô, não é possível programar sessões de fotos antecipadas, e elas devem voltar para casa ainda na luz do dia ou dividir o carro com seus companheiras, diz Nina.