Sexta-feira, 17 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2023
Mais de 70% dos agricultores entrevistados em uma pesquisa da Bayer conduzida pela Kekst CNC afirmaram que as mudanças climáticas já geram grandes impactos nos seus sistemas produtivos. Em média, esses produtores estimam redução de 15,7% no faturamento das colheitas nos últimos dois anos devido aos efeitos do clima. A constatação é que há uma pressão crescente de pragas e doenças.
Foram ouvidos 800 pequenos e grandes produtores entre abril e julho de 2023 na Austrália, Brasil, China, Alemanha, Índia, Quênia, Ucrânia e Estados Unidos. A consulta mostrou que 76% estão preocupados em relação ao impacto que as mudanças climáticas terão em suas lavouras.
A maioria dos entrevistados disse que já está se preparando ou que planeja adotar medidas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa na produção. As principais técnicas citadas pelos produtores são o cultivo de plantas de cobertura, o uso de energia renovável ou de biocombustíveis e o uso de sementes inovadoras para reduzir o uso de fertilizantes ou de defensivos agrícolas.
“Os agricultores já estão sentindo os efeitos adversos das mudanças climáticas em seus campos e, ao mesmo tempo, têm um papel central no enfrentamento desse enorme desafio”, disse, em nota, Rodrigo Santos, presidente global da divisão agrícola da Bayer. “As perdas relatadas deixam muito clara a ameaça direta que as transformações no clima representam para a segurança alimentar em todo o mundo.”
A questão climática só será resolvida com uma grande concertação mundial, disse a secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Renata Miranda. No Brasil, os desafios são a garantia de orçamento estável para a pesquisa agropecuária e a construção de um alinhamento narrativo que concilie desenvolvimento econômico com conservação ambiental, disse ela.
Miranda destacou a continuidade do programa ABC+, que promove técnicas de agricultura de baixo carbono, mitigação de emissões e adaptação ao clima há 13 anos. Para ela, é preciso ter outro olhar para a relação entre mudanças climáticas e produção de alimentos, já que a agropecuária não é a principal emissora mundial.
No ministério, a prioridade é por de pé o programa de recuperação de pastagens degradadas, que pretende transformar 40 milhões de hectares que atualmente emitem gases de efeito estufa em áreas produtivas com práticas conservacionistas de baixa emissão e sequestro de carbono.
Lloyd Day, subdiretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), disse que o efeito das mudanças climáticas no país pode preocupar a comunidade internacional pela dimensão da contribuição do Brasil para o abastecimento global. “Por outro lado, os setores especializados reconhecem o potencial do Brasil para continuar adaptando e otimizando seus sistemas de produção de forma a manter aumentos sustentáveis na sua produtividade agrícola”, afirmou.