Domingo, 26 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2017
Mais dez macacos achados mortos em Jundiaí, interior de São Paulo, tiveram confirmada a febre amarela como causa da morte, neste sábado. Agora, já são 58 os casos positivos da doença em primatas na cidade, que está em área de risco para a doençã. Outros 39 casos aguardam o resultado de exames complementares.
Na cidade, mais de 220 mil pessoas foram vacinadas desde que foi iniciada a campanha de imunização, em abril deste ano. Com as pessoas que já haviam sido vacinadas em anos anteriores, a prefeitura acredita que 80% da população está imunizada.
O parque do Corrupira, importante área pública de lazer da cidade, está interditado há uma semana. No Grêmio Clube de Campo, um dos principais clubes campestres privados, pessoas não vacinadas têm o acesso barrado.
Em áreas verdes dos dois locais foram achados macacos com a doença. Nesta segunda-feira, as principais unidades de saúde vão funcionar em horário estendido, até as 20 horas. Em Campinas, Itatiba, Valinhos e Várzea Paulista, a população faz fila em unidades de saúde, neste sábado, para tomar a vacina da febre amarela.
Ecologia
Os macacos podem representar um alerta às autoridades quanto à incidência de febre amarela em áreas silvestres. Isso porque esses animais também são vulneráveis ao vírus, e a detecção de infecções em macacos ajuda na elaboração de ações de prevenção da doença em humanos.
“Eles servem como anjos-da-guarda, como sentinelas da ocorrência da febre amarela”, explica Renato Alves, gerente de vigilância das Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde. “É importante manter esses animais sadios e dentro do seu ambiente natural porque a detecção da morte de um macaco, que potencialmente está doente de febre amarela, pode nos dar tempo para adotar medidas de controle para evitar doença em seres humanos.”
O pesquisador e presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP), Danilo Simonini Teixeira, também alerta que os macacos não são responsáveis pela transmissão da doença, que ocorre pela picada de mosquitos. “Esses animais estão sendo mortos por conta de medo da população sobre a transmissão do vírus. Se você mata os animais, vai haver um prejuízo, porque a vigilância não vai ser feita devido ao óbito daquele animal por uma pessoa.”
Caso a população encontre macacos mortos ou doentes, deve informar o mais rapidamente ao serviço de saúde do município ou do estado onde vive ou pelo número de telefone 136. Além disso, é possível denunciar a matança ou maus tratos de macacos pela Linha Verde do Ibama (0800 61 8080).
Uma vez identificados os eventos, o serviço de saúde coletará amostra para laboratório e avaliará se, além desse animal que foi encontrado, existem outros. Também observará se as populações de primatas da região ainda são visíveis e estão integrados, bem como se foi uma morte isolada e se de fato é uma ocorrência que atingiu o maior número de primatas.
Matar animais é considerado crime ambiental pelo Art. 29 da Lei n° 9.605/98. De acordo com a legislação, “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente ou em desacordo com a obtida” pode gerar pena de seis meses a um ano de detenção, mais multa.