A Rosa Companhia de Dança, comandada por Aline Rosa, elaborou um espetáculo em homenagem a Rony Leal, bailarino e dançarino que viveu por 20 anos na França. (Foto: Pedro Antonio Heinrich/especial)
Gasparotto
Estive cumprimentando Rony Leal, homenageado com o espetáculo Le Bal du Moulin Rouge no salão de Atos da UFRGS. A Rosa Cia de Danças, formada por um jovem e atuante grupo de bailarinos, dirigidos por Aline Rosa, festejou o maitre de ballet com uma apresentação no estilo da França, onde Rony viveu grande parte de sua vida atuando como bailarino.
Rony pertence à geração de Hector Hofmeister, outro gaúcho que alcançou êxito no exterior – estilista que vive na cidade do México – e deixou Porto Alegre muito cedo para residir e trabalhar em Paris.
Uma de suas atividades foi no Alcazar, a tradicional casa noturna do Boulevard de Saint Germain, participando das apresentações artísticas. Sempre disponível para os amigos brasileiros, ajudou na carreira de muitos que foram tentar a sorte na capital francesa. Proporcionou bons momentos para aqueles que conheceram a casa que continua sendo uma das atrações da noite parisiense.
Relembro duas ocasiões envolvendo os amigos gaúchos de Rony que foram ao Alcazar para aplaudir seu espetáculo e brindar com o bailarino. A primeira delas, quase inacreditável, é hilária. Uma conhecida senhora, muito querida de todos e um pouco desligada da realidade, estava em Paris torrando uma parte de sua fortuna com amigos. Foram festejar no point do Boulevard de Saint Germain, ocupando uma grande mesa. A herdeira de nossa personagem participava do grupo.
Depois de muito champanhe, passou a se divertir jogando gelo no palco e nas mesas vizinhas para constrangimento geral. Eis que se inicia um show, no estilo caixa de surpresas, surgindo aos poucos, no palco, um piano, em seguida, o artista que passou a dedilhar as teclas e, finalmente, um galinho altaneiro instalou-se sobre o instrumento passando a acompanhar os compassos de seu mestre. Para espanto geral, a incontrolável jovem criou uma autêntica tempestade de gelo visando à ave, que ficou totalmente atrapalhada e quase soterrada no gelo.
Felizmente, o espetáculo findava, e entrou o corpo de baile, que depois de uma rápida performance, foi à mesa e levantou a turbulenta heroína da noite e levou-a no alto para o palco, apresentando ao público a responsável pelo tumulto, num tom de pura gozação e punindo a inconveniência de suas atitudes. Esta e outras histórias caberiam num divertido livro de memórias parisienses de Rony.
Aline Rosa e a presença homenageada da noite no Salão de Atos da UFRGS, o maître do ballet Rony Leal. (Foto: Pedro Antonio Heinrich/especial)
Núbia Huff, responsável pela gestão e divulgação da apresentação, e Rony Leal, inspiração para o roteiro. (Foto: Pedro Antonio Heinrich/especial)
Nova geração da dança: Aline Rosa e seus jovens alunos Melissa Buchmann e Lucas dos Santos enalteceram Rony Leal por sua carreira. (Foto: Pedro Antonio Heinrich/especial)
O pianista e o seu garboso galinho no traço de Vitório Gheno. (Foto: Nádia Raupp Meucci/divulgação)
Para recordar o Alcazar: o desenho feito por Vitório Gheno, assíduo na noite em suas temporadas parisienses. (Foto: Nádia Raupp Meucci/divulgação)