Terça-feira, 03 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de outubro de 2024
Aproveitar-se da insegurança alheia: quando alguém identifica suas vulnerabilidades, cria-se um terreno fértil para a manipulação.
Foto: ReproduçãoEm “Mania de Você”, novela da TV Globo, o personagem Mavi, interpretado por Chay Suede, é o exemplo fiel de uma pessoa manipuladora. No decorrer da novela, o vilão se revela ambicioso e sem escrúpulos, capaz de qualquer atrocidade para atingir seus objetivos.
Um estudo publicado no Behavior Research Methods mostra como as pessoas podem ser vulneráveis a manipulações, especialmente em contextos sociais e digitais, e raramente percebem que estão sendo influenciadas ou controladas.
Segundo o psiquiatra Adiel Rios, mestre pela Unifesp, membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da Comissão de Psiquiatria Intervencionista da ABP, entre as formas de manipulação mais comuns estão o uso da culpa, da insegurança e da vitimização.
“Manipuladores exploram emoções primárias como medo, raiva ou compaixão, principalmente entre pessoas mais empáticas ou inseguras”, explica o pesquisador do Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas da Unifesp.
Reconhecer essas estratégias é o primeiro passo para se proteger de seus efeitos. Confira 7 comportamentos de manipulação elencados pelos especialistas:
Provocar sentimento de culpa nos outros: segundo Deborah Klajnman, mestre e doutora em Psicanálise pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), quando somos julgados por algo que não deveríamos carregar, caímos na armadilha da culpa.
“Essa manobra nos leva a agir em benefício dos manipuladores, acreditando que, ao ceder, estamos aliviando o desconforto emocional”, diz a pós-doutoranda em Psicologia pela USP e especialista em Clínica Psicanalítica pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ.
Para Maico Costa, mestre e doutor em Psicologia e Sociedade pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), e pós-doutor em Psicologia pela USP; a culpa leva a pessoa a tentar corrigir situações fora de seu controle, criando um ciclo de autojulgamento e dependência emocional.
“Manipuladores aproveitam essa vulnerabilidade, fazendo a vítima se sentir sempre em dívida e em busca de validação”, completa o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
Aproveitar-se da insegurança alheia: quando alguém identifica suas vulnerabilidades, cria-se um terreno fértil para a manipulação. “O manipulador utiliza críticas, sarcasmo ou desqualificações para explorar a insegurança da vítima, fazendo-a duvidar de si mesma e tornando-a mais vulnerável ao seu controle”, frisa Deborah Klajnman, que também é pesquisadora da USP e professora da Faculdade Sírio-Libanês
Vitimizar-se para despertar compaixão: algumas pessoas adotam o papel de vítimas utilizando narrativas de sofrimento ou fraqueza para atrair a compaixão dos outros. Essa postura é uma ferramenta eficaz de manipulação, pois apela diretamente para a empatia, segundo Adiel Rios.
“Esse comportamento pode refletir dificuldades em lidar com o próprio sofrimento e um desejo de transferir a responsabilidade emocional, sendo, às vezes, uma tática inconsciente ou deliberada para obter atenção e controle”, complementa o psiquiatra.
Elogiar por interesse próprio: a bajulação pode ser usada como uma estratégia para enfraquecer as defesas do outro, tornando-o mais vulnerável à manipulação. “O indivíduo usa essa técnica para ganhar confiança. Sem que o alvo perceba a verdadeira intenção por trás dos elogios, ele acaba cedendo, porque sente que deve retribuir o ‘carinho'”, diz Maico Costa.
Isolar você dos outros: o manipulador busca afastar a pessoa de suas redes de apoio de maneira sutil, fazendo-a sentir-se dependente dele para orientação e suporte emocional. “Com o tempo, a pessoa isolada perde o senso crítico e se torna mais suscetível a acreditar nas narrativas do manipulador, aceitando-as sem muita resistência”, conta Klajnman. (AG)