Quarta-feira, 04 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 2 de junho de 2025
Galípolo disse que não é o momento de se comprometer com sinalizações firmes ou sobre os próximos passos da taxa de juros.
Foto: Jose Cruz/Agência BrasilO presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que não é o momento da autoridade monetária se comprometer com sinalizações firmes ou sobre os próximos passos da taxa de juros. Ele participou de evento promovido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP).
“Ainda estamos discutindo o ciclo de alta e o que vamos decidir. A flexibilidade significa que estamos abertos: vamos chegar à próxima reunião para tomar essa decisão sobre o que fazer”, disse.
Para Galípolo, só a partir do momento em que o BC entender que a taxa atingiu um patamar suficientemente restritivo, será possível avaliar a conveniência de algum tipo de sinalização. Segundo ele, criar um atalho para ganhar credibilidade pode ser arriscado e custoso, caso haja necessidade posterior de rever a estratégia.
“Acho que realmente é um jogo de repetição. E você vai conquistando essa credibilidade a partir do fato de que as suas ações e as suas falas estão coerentes com a percepção da meta”, salientou.
Ele destacou que a diretoria do Banco Central nunca pré-determinou até onde iria com o ciclo de aperto, mas sempre teve clareza sobre os movimentos. Galípolo também ressaltou o desafio de manter a política monetária restritiva pelo tempo necessário, mesmo diante de críticas.
“Talvez mais duro do que a batalha contra as críticas feitas pela elevação da taxa seja essa outra batalha: ter ‘estômago de crocodilo’ e ‘queixo de pedra’ para aguentar o período em que será necessário manter a taxa de juros no patamar restritivo, para ancorar as expectativas e perseguir a meta”, prosseguiu.
Galípolo disse ainda que um dos principais desafios na economia brasileira é explicar como é possível ter uma economia que opera com uma taxa de juros real próxima de 10% e, ainda assim, estar em pleno emprego.
“A pergunta correta é: como é possível conviver há quatro anos com uma taxa de juros de dois dígitos e, ainda assim, ter uma economia que roda com pleno emprego?”, questionou.
Ele disse que os caminhos da política monetária tem canais obstruídos e, por isso, muitas vezes, é preciso “prescrever uma dose mais forte do remédio para conseguir o mesmo efeito que outros bancos centrais obteriam com uma dose menor”.
“Esse é um tema que temos muito interesse em estudar: entender por quais canais enxergamos essas obstruções na política monetária. Na minha visão, esse é um dos temas centrais, que perpassa toda a política econômica e faz parte dos subsídios cruzados regressivos que existem na nossa economia. É um aspecto geral, que afeta tanto o fiscal quanto a política monetária”, concluiu.