Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2019
A ex-deputada Manuela D’ávila (PCdoB-RS) confirmou, em suas redes sociais, que fez a ponte entre o hacker que conseguiu as mensagens envolvendo integrantes da Operação Lava-Jato e o jornalista Glenn Greenwald. A declaração foi divulgada em nota à imprensa na sexta-feira (26).
Segundo Manuela, no dia 12 de maio ela foi comunicada pelo aplicativo Telegram de que, na mesma data, seu dispositivo teria sido invadido no estado de Virgínia, nos Estados Unidos. Em seguida, recebeu mensagem de pessoa que se identificou como alguém inserido na sua lista de contatos, para, a seguir, declarar que não era quem ela supunha que fosse.
A pessoa disse, segundo Manuela, que morava no exterior e tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. O objetivo era divulgar o material coletado, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.
“Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald”, disse a ex-parlamentar.
Manuela afirmou também que desconhece a identidade do hacker. A ex-deputada se colocou à disposição das investigações e disse ter orientado seus advogados a entregar, à Polícia Federal, cópias das mensagens que recebeu.
Vermelho
Em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto – conhecido como Vermelho, um dos presos pela Operação Spoofing – detalhou como conseguiu os contatos de autoridades. Afirmou ter chegado a Glenn Greenwald através de Manuela D’ávila.
O hacker disse também que não editou as mensagens de membros da Lava-Jato antes de repassá-las ao Intercept. Afirmou acreditar que não é possível fazer a edição das mensagens do Telegram em razão do formato utilizado pelo aplicativo. O suspeito relatou ainda “que nunca recebeu qualquer valor, quantia ou vantagem em troca do material disponibilizado ao jornalista Glenn Greenwald”.
Greenwald não quis comentar o depoimento em que Delgatti Neto citou o nome de Manuela – em 2018, ela foi candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT). O jornalista afirmou que não daria informações que pudessem identificar o intermediário sem que tivesse uma autorização prévia.