Brasil Marcelo Odebrecht volta a criticar executivos do grupo de sua família
Por Redação O Sul | 12 de maio de 2018
Com a aproximação da provável indicação de Newton de Souza à presidência do conselho de administração da Odebrecht S.A., o empresário Marcelo Odebrecht voltou à carga contra o executivo. Em novas mensagens direcionadas originalmente ao alto escalão da organização e a membros do colegiado, Marcelo reafirmou que a permanência de determinados executivos no grupo representa risco ao acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal.
A indicação de Souza é dada como certa e uma das leituras dentro da empresa é que, com isso, Emílio acena para Marcelo que o herdeiro não tem mais poder de mando no conglomerado.
De acordo com diferentes fontes ouvidas pelo jornal Valor Econômico, Marcelo voltou a enviar mensagens de alerta pouco depois da divulgação de uma nota à imprensa, assinada pelo empresário na condição de acionista e por seu pai, Emílio Odebrecht, atual presidente do conselho de administração. Ambos disseram ter como objetivo comum a preservação e fortalecimento do grupo.
A nota foi recebida como uma declaração de armistício entre pai e filho. A trégua, porém, durou poucos dias. Agora, para amplificar o alcance de suas mensagens, disseram essas fontes, Marcelo criou um grupo em um aplicativo de mensagens instantâneas por meio do qual replica os textos originais.
Assim como no primeiro e-mail, enviado em março ao presidente-executivo Luciano Guidolin, ao conselheiro Sergio Foguel e à responsável pela área de conformidade, Olga Pontes, Marcelo não cita nomes e sustenta que tem informações de que esses executivos omitiram condutas irregulares. Para interlocutores, está claro que os alvos do empresário são Souza e Maurício Ferro, seu cunhado e diretor jurídico na holding da Odebrecht.
A permanência dessas pessoas no grupo, segundo Marcelo, estaria associada hoje a objetivos meramente pessoais, como se proteger de eventuais desdobramentos de investigações conduzidas no âmbito da Operação Lava-Jato.
Souza esteve à frente da companhia desde a prisão de Marcelo, em junho de 2015, até maio de 2016. No período, participou das tratativas da delação dos executivos do grupo na Lava-Jato.
A investida de Marcelo ocorre em um momento especialmente delicado para o grupo fundado por seu avô, Norberto Odebrecht, em 1944, e hoje conduzido por seu pai. Emílio está escolhendo novos representantes, majoritariamente independentes, para compor o novo conselho de administração.
A holding corre contra o tempo para tentar conseguir até R$ 3 bilhões em dinheiro novo com bancos credores para honrar compromissos. Uma de suas controladas, a Odebrecht Engenharia e Construção, deixou de pagar uma dívida de R$ 500 milhões em bônus externos e entrou em período de “cura” dos títulos, assim classificados os 30 dias que os emissores têm para quitar os investidores antes de serem considerados inadimplentes.
A janela termina no dia 25. A Odebrecht disse, em nota, que adotou uma nova política de governança e separou acionistas da liderança executiva. A empresa “reforça a consistência e plenitude de sua colaboração com a Justiça no Brasil e nos países em que atua” e disse “estar comprometida com a retomada do seu crescimento empresarial e com a entrega de produtos e serviços com qualidade para a sociedade.
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