Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de março de 2019
Um das maiores celebridades do YouTube se descobriu envolvida na manhã de sexta-feira (15) na cobertura noticiosa feita do massacre em duas mesquitas na Nova Zelândia. O atirador que transmitiu ao vivo parte do ataque que deixou pelo menos 50 mortos exortou quem estava assistindo a “assinar o PewDiePie”, uma alusão ao pseudônimo usado por Felix Kjellberg, sueco cujo canal domina o YouTube e provoca polêmica. Kjellberg fez questão de distanciar-se da matança.
“Estou enojado por meu nome ter sido mencionado por essa pessoa”, ele disse no Twitter. “Meus sentimentos estão com as vítimas, as famílias e todas as pessoas afetadas por essa tragédia.” Kjellberg está acostumado com controvérsias. Nos últimos anos ele foi abraçado por figuras da extrema direita e foi criticado pelo uso que faz de linguagem racista e sexista e imagens antissemitas. A seguir, olhamos mais de perto para o canal PewDiePie e as palavras do atirador da Nova Zelândia.
Quem é PewDiePie
Nos últimos dez anos, Kjellberg acumulou 89 milhões de assinantes no YouTube como PewDiePie, com vídeos que misturam discursos em tom cômico, comentários e narrações de videogames.
Embora sejam editados, os vídeos se caracterizam por uma estética intimista e aparentemente não trabalhada, algo que ajuda Kjellberg a se manter relevante e atrair o interesse de anunciantes. Segundo a revista “Forbes”, o patrocínio de um vídeo do PewDiePie pode custar até US$ 450 mil (R$ 1,7 milhão). Kjellberg ganhou US$ 15,5 milhões (R$ 59 milhões)no ano passado.
O significado
O sentido das palavras do atirador – “assinem o PewDiePie” – não se resume ao significado evidente. Kevin Roose, colunista do jornal The New York Times, escreveu na sexta-feira que a mensagem pode ter tido dois objetivos: inflamar as tensões políticas e funcionar como gesto de reconhecimento às pessoas que pudessem estar assistindo aos atos do atirador e aprovando. Para isso, o atirador lançou mão de um meme que nasceu de uma competição por hegemonia no YouTube.
No ano passado a T-Series, produtora de cinema e gravadora musical indiana, emergiu como rival do PewDiePie pelo status de canal mais visto do YouTube. Em resposta, Kjellberg convocou seus fãs a combater a T-Series, chegando a fazer uma faixa de sátira cômica para ironizar a concorrência. Outros youtubers também entraram na disputa. Como já ocorreu com muitas outras frases repetidas frequentemente online, “assinem o PewDiePie” virou um símbolo, um meme por si só.
Abraçado pela extrema direita
Em 2017 a Disney cortou relações com Kjellberg e o YouTube se distanciou dele depois de o jornal The Wall Street Journal ter identificado pelo menos nove de seus vídeos que incluíam gestos e imagens antissemitas.
Em um vídeo, dois homens contratados por Kjellberg desenrolavam uma faixa dizendo “morte a todos os judeus” e depois riam e dançavam. Em outro vídeo Kjellberg usa uniforme militar marrom e faz gestos de assentimento com a cabeça enquanto vemos imagens de arquivo de Hitler fazendo um discurso.
Alguns dos vídeos foram tirados do ar, e Kjellberg descreveu esses segmentos como brincadeiras, dizendo em comunicado que não apoiava atitudes de ódio e destacando: “Entendo que essas brincadeiras acabaram sendo ofensivas”.