Terça-feira, 29 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2025
Mais de 39 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço devem surgir este ano no País, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Nessa soma estão incluídos os cânceres de cavidade oral, tireoide e laringe.
Por serem diferentes tipos de tumores, cada um apresenta suas características, sinais e sintomas, explica o cirurgião de cabeça e pescoço Marco Homero Sá Santos, reforçando a campanha Julho Verde, em alerta aos sintomas do câncer de cabeça e pescoço.
“Considerando boca, faringe e laringe, os principais fatores vão ser incômodo na hora de engolir, uma ferida na boca que não cicatriza (aftas) e alteração da voz. Tudo isso vai depender do local, porque em um câncer de tireoide, por exemplo, o primeiro sinal pode ser um nódulo no pescoço”.
O médico chama atenção também para o fato de que os tumores de garganta (laringe e faringe) podem não ter sintomas dentro da garganta, sendo o primeiro sinal um nódulo cervical, chamado popularmente de íngua (linfonodo).
“Às vezes o paciente com esse linfonodo fica meses até procurar um atendimento médico, sendo que esse sinal pode ser uma metástase do tumor”, alertou.
– O que é considerado câncer de cabeça e pescoço? Quais áreas são afetadas? “Não existe um tipo de câncer de cabeça e pescoço. Por ser em uma região, vai compreender câncer de vários subsítios: câncer de boca, de faringe, de laringe, de glândulas salivares, dos seios paranasais, de pele dessa região e de tireoide.”
– O tabagismo e o consumo de álcool ainda são os maiores vilões? Ou o HPV já pode ser considerado um dos principais fatores? “O tabagismo e o etilismo são os principais fatores do câncer de boca, faringe e laringe, principalmente quando associados. Quem fuma tem sete vezes mais chance de ter um câncer e quem bebe tem seis vezes. Mas quem fuma e bebe tem 30 vezes mais chance. Já o HPV vem ganhando maior incidência, principalmente com o câncer de orofaringe. A orofaringe é onde fica localizada as amígdala e a base de língua.”
– Com a mudança de hábitos da população, como o aumento do uso de cigarros eletrônicos, há alguma preocupação em relação à incidência futura desse câncer? “Temos um receio se o cigarro eletrônico vai ter relação com câncer, tanto da região de cabeça e pescoço quanto de outros relacionados ao tabagismo, porque no cigarro eletrônico há a presença de nicotina e pode ter também presença de outros produtos cancerígenos. Mas, hoje, como é algo mais recente, não temos estudos que comprovem a associação do cigarro eletrônico com câncer ainda. Talvez no futuro a gente consiga comprovar.”
– Existe algum sinal muito comum nesse tipo de câncer, mas pouco percebido por quem apresenta a doença? “O sinal que as pessoas dão menos valor é o incômodo para engolir, às vezes o paciente fala que está com uma sensação de espinho de peixe. Como a gente mora no litoral, e o consumo de peixe é comum, às vezes o paciente relaciona com o dia que ele comeu peixe, engoliu uma espinha e aquilo ficou incomodando na garganta. Às vezes ele demora meses para procurar atendimento médico e entender porque sente uma leve dorzinha quando engole.”
– Há algum exame de rastreamento que a população em geral deveria fazer? Ou o foco principal é na observação dos sintomas? “Não é feito rastreio para nenhum tipo de tumor dessa região de cabeça e pescoço. O que a gente orienta é que, com qualquer alteração por mais de duas semanas, a pessoa tem de procurar um especialista. Todos os sinais e sintomas que eu falei previamente: uma ferida na boca; uma alteração da voz; um incômodo na hora de engolir; uma íngua que surgiu; uma mancha de pele que mudou de forma, de cor ou de tamanho, por mais de duas semanas, tem de procurar um especialista.” As informações são do jornal A Tribuna.