Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2015
O estudante Lucas Yuri Bezerra, de 16 anos, não descansou até descobrir o dono da carteira que ele achou no lixo no Distrito Federal. Dentro havia 1,6 mil reais, o orçamento de uma oficina mecânica e um telefone anotado, mas nenhum documento. O incidente aconteceu nesta semana, quando ele ia para a aula.
“Estava indo para a escola com uns amigos meus. Aí, olhei para baixo e vi a carteira no meio do lixo. Achei que alguém tivesse jogado fora. Dei para o meu amigo brincando. Ele acabou jogando para cima, também brincando. Quando ela subiu é que a gente viu o dinheiro. Ele catou e saiu correndo, dizendo que era dele. A gente conversou, e eu o convenci a devolver”, explica.
Angústia.
Inquieto durante a aula, o garoto chamou a atenção da professora, que recomendou que ele procurasse a coordenadora da instituição, o Centro de Ensino Fundamental 312 de Samambaia. Rivânia de Araújo lembra que o menino estava decidido a devolver o dinheiro, mas se dizia angustiado com a falta de pistas para achar o dono.
A coordenadora ligou para oficina mecânica e, quase dez horas depois de a carteira ser encontrada, localizou o dono. O pedreiro aposentado Benício Eleutério, 66, acabou deixando a carteira no lixo quando saía para levar a mulher ao médico.
O dinheiro – correspondente a todo a aposentadoria que recebe – seria utilizado para pagar contas, abastecer o carro e comprar remédios. O idoso só notou que tinha perdido a carteira quando chegou ao Hospital Universitário de Brasília, a quase 25 quilômetros de distância de sua casa.
Responsabilidade.
Bezerra, que sonha em ser militar ou engenheiro, trabalha todas as tardes como auxiliar administrativo de um hospital. Ele ganha meio salário mínimo e usa o dinheiro para ajudar a mãe e o padrasto, que estão desempregados e têm três filhos. Mesmo com dificuldades, o garoto diz que em momento algum cogitou ficar com os 1,6 mil reais.
“O dinheiro não era meu. Então não era certo. Mesmo que eu não achasse o dono, eu não conseguiria gastar. Simplesmente não era meu. Não podia gastar, mesmo sem saber. Se eu gastasse, sentiria que eu tirei o dinheiro de alguém”, explicou. (AG)