Domingo, 16 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2018
O governo federal cogita distribuir senhas e limitar a entrada de venezuelanos em Roraima, afirmou o presidente Michel Temer (MDB) nesta quarta-feira (29). Ele disse que outras medidas podem ser adotadas para organizar os serviços públicos no Estado, pressionados pelo grande fluxo de imigrantes que têm chegado à região.
O presidente publicou um decreto na terça-feira (28) em que “fica autorizado o emprego das Forças Armadas no período de 29 de agosto a 12 de setembro de 2018” na faixa da fronteira norte e leste e rodovias federais. Em Boa Vista, capital de Roraima, 25 mil venezuelanos estão instalados, o que equivale a 7,5% da população da cidade.
“As coisas estavam caminhando em um ritmo desagradável entre o povo venezuelano e brasileiro”, disse o presidente em alusão aos ataques a barracas de venezuelanos em Pacaraima, há duas semanas. Ao anunciar as medidas, Temer retomou as críticas ao presidente venezuelano Nicolás Maduro. “Há um ano e meio, propusemos ajuda humanitária e o governo [da Venezuela] recusou. “A nossa política é de acolher no nosso País. Não é só política, é parte dos tratados internacionais”, afirmou Temer. Ele repetiu que a crise na Venezuela “coloca em desarmonia o próprio continente americano”.
Travestis
Quatro transexuais venezuelanos que fugiram de seu país em busca de melhores condições de vida conseguiram chegar ao Rio de Janeiro através de um programa de interiorização do governo federal. Duas delas, Francis Lombardi, 28 anos, e Maria Gabriela Hernandez, 22, se conheceram em Roraima há nove meses e foram para o Rio juntas. Ambas já foram roubadas, agredidas e vítimas de preconceito desde que chegaram ao Brasil. A mais nova afirmou que foi confundida com uma prostituta quando vivia no Norte do país.
“Teve uma situação muito feia que eu passei lá em Roraima. Lá tinha muito preconceito. Em duas ocasiões, que eu saí na rua e encontrei dois travestis, eles bateram na minha cara, na minha perna, nos meus braços porque elas pensavam que eu também vivia na rua me prostituindo e vendendo meu corpo. Mas isso não era verdade”, contou Gabi, como é conhecida.
Francis Lombardi passou por uma situação parecida, mas quando já estava morando no Rio de Janeiro. Ela contou que três homens abordaram ela, agrediram fisicamente e roubaram seus pertences. A venezuelana teve sua prótese dentária quebrada pelos criminosos.
Depois dos episódios de violência, as quatro trans foram abrigadas na Casa Nem, na Lapa, Zona Norte do Rio. A fundação não tem fins lucrativos e funciona a partir de doações. Lá vivem pessoas de diferentes orientações sexuais e que estão em situação de vulnerabilidade.
As amigas afirmaram que, antes do seu país entrar em colapso, elas tinham uma vida boa. A dupla possui formação acadêmica e trabalhava em suas respectivas áreas. No entanto, com a crise que se instalou na Venezuela, as duas se viram obrigadas a conseguir melhores condições de vida para tentar ajudar suas famílias.