Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2018
Nessa sexta-feira, em entrevista exclusiva a veículos da rede estatal EBC (Empresa Brasil de Comunicação), o presidente Michel Temer admitiu a possibilidade de não concorrer a um segundo mandato na eleição deste ano. Com reprovação de 70% de acordo com última pesquisa do Instituto Datafolha, ele negou, porém, que acontecimentos como a hostilização que sofreu em São Paulo na última terça-feira o teriam desmotivado.
“Não seria esse fato que me faria desistir da reeleição”, garantiu. “Eu posso não ir para a disputa na medida que eu comece a perceber que no chamado ‘centro’ tem seis, sete, oito candidaturas, o que não é útil porque você tem que permitir que o eleitor faça suas opções.”
O emedebista disse, ainda, que não gosta de rótulos, mas ao ser indagado sobre esse posicionamento no campo político de centro, definiu-se como “um legalista”. Na entrevista de mais de uma hora, o chefe do Executivo disse ser “zero” a chance de ser destituído do cargo agora, quando faltam quase oito meses para o fim de seu governo.
Terceira denúncia
Ele também classificou como “pífia” a possibilidade de uma terceira denúncia pelo Ministério Público. Nas duas primeiras, já teve o seu nome citado por envolvimento em crimes de obstrução da Justiça, organização criminosa e corrupção passiva, mas conseguiu que a base aliada na Câmara dos Deputados barrasse o avanço dos processos.
A mais recente investigação em curso contra Temer apura se ele lavou dinheiro de propina por meio da compra de imóveis, algo que o emedebista atribuiu a adversários. “Essa suposta terceira denúncia é uma campanha oposicionista, uma mera hipótese”, afirmou. “Eu não tenho a menor preocupação. Há apenas uma campanha deliberada. Isto é para tentar enfraquecer o governo.”
O presidente comentou a delação do grupo JBS/Friboi, que atingiu o seu governo no primeiro semestre de 2017, pouco após ter completado um ano no cargo. Ele foi gravado pelo empresário e delator Joesley Batista, um dos donos do conglomerado empresarial, dizendo “Tem que manter isso, viu?”.
A frase seria interpretada pela PGR (Procuradoria-Geral a República) como a concordância de Temer para que Joesley comprasse o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso no âmbito da Operação Lava-Jato. Para o chefe do Palácio do Planalto, esse episódio da delação foi o “mais injusto” de seu governo: “São inverdades”.
Outros temas
O presidente também respondeu a perguntas sobre economia e programas sociais, além de anunciou medidas para incentivar a criação de empregos e geração de renda: ainda neste mês, a Caixa Econômica Federal deve usar os lucros obtidos com empréstimos para a construção de 150 mil casas populares e para repasses a prefeituras por meio do FPM (Fundo de Participação dos Municípios).
Michel Temer aproveitou a conversa com os jornalistas da EBC para defender a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Ele avisou, entretanto, que esse modelo não será replicado para outros Estados.