Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2025
Poucas empresas podem dizer que sobreviveram a meio século de mudanças no mundo, especialmente no setor de tecnologia, onde tudo acontece cada vez mais rapidamente. Um grupo ainda menor é capaz de passar por um período tão longo avaliado em quase US$ 3 trilhões. Renascida pelas mãos do atual CEO, Satya Nadella, a Microsoft inicia seu segundo cinquentenário disposta a andar com as próprias pernas pelo novo mundo da inteligência artificial (IA).
Fundada em 4 de abril de 1975 por Bill Gates e Paul Allen, a Microsoft nasceu como uma empresa voltada para computadores pessoais, aparelhos que ainda tinham um certo ar de mistério e complexidade. Demorou uma década para que a companhia abrisse as janelas do sucesso. O produto mais conhecido da companhia, o sistema operacional Windows, surgiu apenas 10 anos depois, em 1985 — sua versão mais conhecida, o Windows 95, demorou outra década para chegar na casa das pessoas.
“A Microsoft, sem dúvida nenhuma, é um personagem importante em toda a história da humanidade nessa virada do analógico para o digital. A nossa vida de 30 anos para cá é baseada em plataformas Windows ou similares”, afirma Eduardo de Rezende Francisco, chefe do Departamento de Tecnologia e Data Science da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Hoje, a gigante tenta cimentar sua liderança no mundo da IA após uma aposta ousada de Nadella. Em 2019, a empresa foi a primeira a se interessar pela OpenAI, fazendo um investimento inicial de US$ 13 bilhões na startup e integrando a tecnologia da parceira em seus produtos.
Ao embutir o ChatGPT ao Bing, seu site de pesquisas, a empresa deu um salto. Dentro de seus produtos mais clássicos, como o Windows e o Microsoft 365, a companhia habilitou o Copilot para ajudar usuários por meio da IA generativa. Além disso, ela conseguiu convencer fabricantes de computadores a adicionar um novo botão específico para o Copilot aos notebooks – a primeira mudança em um layout físico de computadores Windows em décadas.
“A Microsoft chegou atrasada no jogo dos smartphones e em outras tendências, mas acertou em cheio com a computação em nuvem e a IA. Nadella mudou a cultura de Redmond e é por isso que a Microsoft está hoje onde está”, explica o consultor Daniel Ives, da Wedbush Securities.
Perdas
Desde novembro de 2022, quando a OpenAI lançou oficialmente o ChatGPT, a Microsoft viu um aumento de quase US$ 1,5 trilhão em seu valor de mercado, fortemente alavancado pela startup fundada por Sam Altman. A parceria reverteu uma tendência que passou a acompanhar a companhia na década de 2000: a de sempre chegar atrasada nas mudanças do mercado.
A Microsoft perdeu, por exemplo, a onda da telefonia móvel. Enquanto estava focada em software e produtos específicos para computadores, no início dos anos 2000, a Apple lançou o iPhone, que abriu as portas para o mundo dos dispositivos móveis.
Quando percebeu que tinha sua relevância ameaçada, a empresa decidiu lançar, três anos depois do primeiro iPhone, o Windows Phone. Com um layout quadrado e pouco intuitivo, o projeto foi um fracasso sob qualquer ótica possível, o que mostrava a dificuldade da empresa em se modernizar.