Muitos entre a multidão usaram vermelho, cor da Liga Nacional pela Democracia (NLD, sigla em inglês) de Suu Kyi, que ganhou as eleições de 8 de novembro por goleada, um resultado que os generais se recusaram a reconhecer, alegando fraudes.
Milhares de pessoas se reuniram também na capital construída pelos militares, Naypyidaw, na região central de Mianmar, buzinando em motos. Elas gritavam slogans contra o golpe e pediam a libertação de Suu Kyi.
Os protestos foram organizados apesar de um bloqueio à internet imposto quando as primeiras manifestações começaram a se formar. Durante todo o dia, a TV estatal MRTV exigiu imagens elogiando os militares.
O grupo de monitoramento NetBlocks relatou um “blackout de escala nacional na internet”, dizendo que a conectividade do Twitter havia caído a 16% dos níveis habituais. Testemunhas relatam um desligamento dos serviços de dados e wifi.
A operadora de internet móvel norueguesa Telenor afirmou que as autoridades ordenaram a todas operadoras de celulares que fechassem temporariamente as redes de dados, embora serviços de voz e SMS tenham continuado a funcionar.
A junta militar não respondeu a pedidos de comentários. O Facebook pediu que a junta militar desbloqueie a rede social.
O gabinete de direitos humanos das Nações Unidas afirmou no Twitter que “serviços de internet e comunicação precisam ser totalmente restaurados para garantir a liberdade de expressão e acesso à informação”.
Organizações da sociedade civil de Mianmar apelaram para que as fornecedoras de redes de internet e de celular resistissem às ordens da junta militar, dizendo em um comunicado conjunto que elas estavam “essencialmente legitimando a autoridade dos militares”.
A Telenor lamentou o impacto sobre as pessoas, mas disse que sua atuação é limitada pela lei local e que sua primeira prioridade é a segurança de seus trabalhadores locais.
O vice-diretor regional da Anistia Internacional, Ming Yu Hah, afirmou que fechar a internet em meio a um golpe e uma pandemia é uma decisão “hedionda e imprudente”.