Sábado, 04 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 3 de março de 2024
O Ministério da Educação informou que o cancelamento da contratação de 140 médicos residentes aprovados no concurso do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe) foi provocado por questionamentos sobre o processo seletivo. De acordo com nota divulgada pela Comissão Nacional de Residência Médica, a seleção não foi reconhecida por estar em desacordo com a resolução 17 da comissão e um novo processo seletivo será realizado.
A comissão afirmou ainda que a decisão decorreu de denúncias de candidatos que se sentiram prejudicados pela forma com que o conteúdo da prova foi aplicado e que, depois de análise, não foram identificadas na avaliação questões relacionadas aos temas obrigatórios (medicina preventiva e social).
A médica Laura Cohen Warszawiak conta que os candidatos estranharam a prova. “Todo mundo estranhou e durante a prova alguns até questionaram se não estava errado o caderno de prova, mas o Iamspe publicou falando que a lisura do processo estava mantida e não foi prejudicada por essa ausência de questões. Porque isso estava contemplado ao longo da prova. Então é o principal argumento jurídico que nós estamos usando a nosso favor.”
Com isso, está havendo uma sobrecarga dos médicos e residentes que já atuam no Hospital do Servidor Público Estadual.
Patrícia Grossi é médica residente do Iamspe, está no último ano da residência, e explica o impacto da falta de profissionais. “Há essa sobrecarga substancial no serviço tanto na emergência, pronto-socorro, também em nível ambulatorial, consultas, procedimentos. Está tudo parado por conta dessa falta de 140 médicos.”
No dia 1º, candidatos que passaram na prova fizeram um protesto contra a decisão de suspendê-la.
O que diz o Iamspe
Marcelo Takano, diretor do hospital, afirmou que a falta de residentes não impede o atendimento da unidade.
O Iamspe, que é ligado à Secretaria de Governo e Gestão Digital do estado, disse que a suspensão da posse dos residentes foi para cumprir a decisão da Comissão Nacional de Residência Médica, que pediu uma nova prova.
O instituto afirmou que foi comunicado no último dia 26 e que está adotando as medidas judiciais e administrativas para manter a prova e consequentemente o ingresso dos residentes. O Conselho Nacional de Residência Médica, ligado ao Ministério da Educação, não reconheceu a validade do processo seletivo e determinou a realização de outra prova.
Os médicos já tinham feito a matrícula, alguns, mudaram-se para São Paulo e até abriram conta bancária para receber a bolsa da residência.
“Até a noite de 29 de fevereiro, a orientação era que o processo estava mantido para tomar posse na última sexta (1º). Quando eu vi que tinha passado, me mudei para São Paulo, deixei minha família no Rio e durante essa semana começou essa incerteza toda”, afirma Matheus Teixeira Barandas.
No começo deste ano, o SP2 mostrou a situação de servidores públicos estaduais que usam o Iamspe, que é ligado à Secretaria de Governo e Gestão Digital do estado. Eles reclamavam de dificuldades para marcar consultas. Uma das pacientes estava há meses tentando um agendamento com o médico.