Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de novembro de 2025
Ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann criticou o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, por não ter reduzido a taxa básica de juros, com base nos indicadores econômicos do governo. A afirmação foi feita na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 15% ao ano, pele terceira vez seguida.
“Eu acho que ele deixou a desejar, entendeu?”, declarou a titular da pasta em entrevista exclusiva ao jornal “O Estado de São Paulo”. Ela também comentou a reforma administrativa em discussão, dizendo achar “difícil” o Congresso Nacional aprová-la até o final de 2026, por se tratar de ano eleitoral, bem como devido à mobilização de categorias do serviço público.
Em suas respostas, Gleisi deixou claro que, se deputados quiserem receber emendas, terão de apoiar o governo: “Quando o parlamentar vota contra, não tenho por que soltar as emendas que não são obrigatórias”.
Leia os principais trechos da entrevista
– O governo parece colocar mais pressão no Banco Central pela redução dos juros, depois de meses de paz. O que mudou?
“Primeiro, o Roberto Campos Neto (ex-presidente do BC, indicado pelo governo anterior) deixou uma cama de gato para o Galípolo. Ou seja, já deixou a contratação de juros mais altos por um período e um discurso para o mercado de que, se não fosse rigoroso na questão dos juros, a questão fiscal padeceria e implicaria problemas da economia brasileira.
Obviamente, quando o Galípolo entrou, a gente teve condescendência. Sabíamos que tinha duas contratações para o Copom aumentar os juros. Achávamos que, ao termos indicadores econômicos que são positivos, o Banco Central começaria a ter cortes na taxa de juros, porque nada justifica os juros de quase 10% real. É um absurdo, não tem paralelo no mundo.
Infelizmente, não está sendo essa a postura do Banco Central. Eu acho que estão mais realistas do que o rei. E aí, a gente tem de debater, sim. É uma instituição independente, então, tem de fazer pressão. Não pode deixar só o mercado pressionar. Por que só o mercado pressiona o Banco Central a subir a taxa de juros?”.
– A senhora se sente frustrada com a gestão do Galípolo?
“Na realidade, fico um pouco… não diria que frustrada. Qual seria a palavra? Ele deixou de… Como é que é? Quando a pessoa deixa de alguma coisa? Não é oportunidade. É uma outra palavra que eu estava aqui na cabeça”.
– Mas era esperado um compromisso da parte dele?
“Com os indicadores da economia, nada mais. Não com a minha opinião. Você tem o Brasil crescendo, você está com geração de emprego, você tem inflação sob controle. Ela não está no centro da meta, mas meta de 3% também é bem apertada. Então você já tem uma inflação que está mostrando que vai cair para baixo da banda superior.
Para que continuar com uma política monetária tão restritiva? Isso tem impacto na nossa indústria, no crédito, no crescimento do País. Para que isso? Nós estamos nos autopunindo? É só para entender. Então, eu acho que deixou a desejar, entendeu? O Galípolo. Deixou a desejar. É isso, nesse quesito, de não considerar os indicadores econômicos”.
– O Galípolo conversou recentemente com a sra., com o presidente Lula, sobre isso?
“Comigo, não. Não sei também se ele conversou com o presidente.”
– A senhora está contente com o balanço do governo a um ano da eleição?
“Sim. O governo está num rumo correto das coisas. Primeiro, eu acho muito importante a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e da oneração do andar de cima. Começamos a buscar a justiça tributária. Tem muitas coisas que foram feitas pelo governo para reduzir a pobreza, mas, se não mexermos na estrutura tributária do País, a gente não vai melhorar a renda da maioria da população a contento.
O resgate da bandeira brasileira, da defesa da soberania, o posicionamento correto do presidente em relação às ameaças dos Estados Unidos também foi muito importante. Todos os programas que a gente fez desde 2003 foram praticamente recuperados. Estamos com a inflação sob controle, os preços dos alimentos estão caindo. A gente tem um crescimento econômico bem sustentável. Desemprego, uma das taxas mais baixas. Acredito que a gente vai terminar o ano de forma positiva”. (Com informações de O Estado de S. Paulo)