Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2021
O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou nesta segunda-feira (23) que haja um “descontrole” da inflação e disse que há uma alta de preços “no mundo inteiro”. Estimativas de analistas do mercado financeiro, divulgadas pelo Banco Central, apontam que o IPCA (índice oficial de inflação) deverá fechar este ano acima de 7%.
“Não há descontrole. A inflação está subindo no mundo inteiro”, disse o ministro, durante evento do setor varejista.
O ministro citou que a inflação nos Estados Unidos deve ser de aproximadamente 7%: “A inflação americana vai ser 7% neste ano. Então, se a nossa for 7% ou 8% também, estamos dentro do jogo”.
Guedes declarou que o Banco Central vai atuar para enfrentar a inflação. No início do mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidi elevar a taxa Selic para 5,25% ao ano, um alta de 1 ponto percentual.
“A independência do Banco Central foi aprovada. O Banco Central vai enfrentar isso aí”, garantiu o ministro.
O ministro disse que há uma disputa política no País, mas que, em relação aos fundamentos econômicos, há avanços.
“É verdade que tem mais inflação, mas também há mais crescimento, então tem mais arrecadação e menos déficit, porque estamos controlando as despesas. Então não vamos cair na tentação de transformar essa politização, antecipando as eleições, num diagnóstico de que o Brasil tem colapso econômico, porque não é verdade”, afirmou.
Ele também pediu para todos deixem de lado a postura negativista: “O importante é não nos deixarmos abater pelos pessimistas.”
Na última semana, Guedes reconheceu que o governo pode utilizar instrumentos adicionais para ajudar no controle da inflação:
— baixar as tarifas do Mercosul – a medida requer aprovação unânime pelos países do bloco comercial, mas a Argentina já se declarou contrária à mudança.
— reduzir o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), o que seria uma terceira etapa da reforma tributária do governo e, por isso, dependeria de aprovação do Congresso.
Guedes voltou a chamar o aumento das despesas com precatórios (despesas decorrentes de dívidas reconhecidas na Justiça) de “meteoro”.
Segundo ele, a proposta de parcelar o pagamento dessas dívidas tem apoio de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), pois a medida não é uma inovação. Ele afirma que estados e municípios já podem parcelar precatórios.
Fora da meta
Desde março, o índice acumulado em 12 meses tem ficado cada vez mais acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a inflação deste ano, que é de 5,25%.
O centro da meta de inflação, que em 2021 é de 3,75%, ficou longe dos números reais da economia faz tempo.
O mercado financeiro, segundo o último Boletim Focus, prevê que a inflação vai terminar o ano em 7,11%. Foi a vigésima alta seguida nessa projeção.