Sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de dezembro de 2017
Henrique Meirelles está vendendo seu apartamento de 400 metros quadrados na Vieira Souto, perto da Rua Vinicius de Moraes, de frente para o mar de Ipanema. O Ministro da Fazenda pede R$ 14 milhões pelo imóvel.
Meirelles está de olho na cobertura do número 280 da mesma avenida, um colosso de 990 metros quadrados, quatro suítes, duas áreas externas e uma belíssima piscina em forma oval, onde ele já viveu (pagando aluguel), nos início dos anos 2000.
O ministro evita usar sua conta pessoal no Twitter para defender a reforma da Previdência, gestada em sua pasta e considerada essencial pelo governo Michel Temer. Desde maio, quando ingressou na rede social, Meirelles escreveu três vezes sobre a “Previdência” – a última na sexta-feira (15), depois que o governo postergou a votação no Congresso para 19 de fevereiro, por falta de votos. As únicas duas menções anteriores ocorreram em 11 de setembro.
O titular da Fazenda passou os últimos três meses, entre setembro e novembro, sem citar a reforma. O período coincide com as vitórias de Temer nas denúncias apresentadas contra ele pela Procuradoria-Geral da República – e barradas na Câmara – e com a retomada dos esforços do governo para tentar aprovar as novas regras previdenciárias.
Meirelles tem usado a palavra “reforma”, de maneira genérica. Ela foi mencionada 14 vezes. O vocábulo, no entanto, foi mais associado ao longo deste ano nas pesquisas na internet à nova legislação trabalhista, conforme monitoramento do Google Trends. Apenas em um vídeo ele fala sobre “aposentadoria”, outra palavra que não faz parte de seu vocabulário digital.
Linguagem coloquial
A reportagem analisou o conteúdo postado por Meirelles, que contratou uma equipe particular de mídias sociais para auxiliá-lo nas postagens e monitorar as reações, conforme a assessoria da Fazenda. Até a noite de sexta-feira, o perfil de Meirelles, certificado pelo Twitter, somava 276 mensagens e beirava os 30 mil seguidores.
Na rede, o ministro substitui, com frequência, a linguagem técnica por uma mais coloquial. Tem dado ênfase ao consumo, salário, alimentos e famílias pobres. As palavras mais usadas são: mais, Brasil, economia, crescimento, recuperação, inflação, maior, recessão, empresas, empregos e País. Todas aparecem mais de 20 vezes.
O Ministério da Fazenda disse que Meirelles “abriu um canal direto de diálogo” com seu ingresso na rede social e “utiliza o Twitter para debater os resultados concretos da política econômica na vida da população, sobretudo o crescimento e a recuperação econômica e a queda da inflação ou outros temas por ele escolhidos”.
“A defesa da reforma da Previdência também tem sido feita pelo ministro em manifestações públicas e entrevistas a meios de comunicação com alto nível de audiência”, afirmou a assessoria do ministério.
Apesar de evitar a reforma previdenciária no Twitter, Meirelles tem debatido o tema diariamente em agendas de trabalho e eventos públicos. Foi o que ocorreu quando Temer reuniu lideranças no Palácio do Planalto, como forma de criar uma onda favorável e pressionar pela aprovação da reforma. Meirelles discursou longamente no dia, mas fez uma única postagem no Twitter. Era um vídeo comemorando os 19 meses à frente do Ministério da Fazenda. A Previdência não apareceu.