Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2023
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 28, achar exageradas as reações à indicação do economista e professor da Unicamp, Marcio Pochmann, para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Sinceramente, eu penso que está um pouco exagerada a reação. É um professor universitário, em uma universidade pública, uma das melhores do País. Pode-se discordar da pessoa, não tem problema nenhum, mas dentro de uma democracia a gente convive com pessoas que pensam diferente no Congresso, na Câmara, no Judiciário e no Executivo também”, afirmou.
De acordo com Haddad, o governo é “amplo”, tem pessoas com pensamentos diversos e que estão se entendendo. “Eu tenho certeza de que vai dar muito certo. O Marcio é uma pessoa muito educada e vai interagir muito bem com a ministra Simone Tebet. Eu não tenho a menor dúvida disso. É uma pessoa muito cordial e não vejo razão para esse tipo de posicionamento agressivo”, afirmou.
Segundo o ministro, “à luz das pessoas que ocuparam cargos no governo passado, eu não vi nada acontecer desse tipo”.
“Por que essa agressividade? Olha o governo Bolsonaro; era de arrepiar os cabelos e ninguém falava nada! É um professor da Unicamp. Está exagerado e isso não é bom para o Brasil”, queixou-se Haddad.
Decisão de Lula
Pochmann foi uma escolha pessoal de Lula com o apoio da ala mais à esquerda do PT, como a presidente do partido, Gleisi Hoffmann. A sigla tem um pacote de nomeações que envolvem indicar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o cargo de diretor-executivo da Vale e, ainda, mexer na diretoria da Petrobras. Os pedidos, porém, não necessariamente serão atendidos.
A decisão de Lula sobre Pochmann estava tomada há semanas e vinha sendo articulada com Tebet pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O problema, assim, nunca foi emplacar Pochmann no cargo, até porque se trata de uma decisão do presidente, mas, sim, a condução do processo.
Currículo
Amplamente criticado por economistas e políticos pela indicação, Pochmann já escreveu livros e artigos, ganhou prêmios e ocupou alguns cargos públicos, além de tentar a vida política algumas vezes, sem sucesso.
Pochmann fez pós-graduação em Ciências Políticas pela Associação de Ensino Superior do Distrito Federal e, em 1993, concluiu doutorado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Passou a lecionar na instituição em 1989, onde também foi pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho do Instituto de Economia.
Mesmo após se aposentar em 2020, ele continuou na Unicamp como professor colaborador.