Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de abril de 2020
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, descarta impor um corte na produção de petróleo no Brasil. Na quinta-feira (9), Arábia Saudita e Rússia concordaram em reduzir a produção junto com outros membros da aliança Opep+, em um esforço para poupar o mercado de um colapso causado pela pandemia de coronavírus.
No Brasil, o ministro afirma que o País tem toda a sua produção nas mãos de empresas. Mesmo a estatal Petrobras é de capital aberto e o governo não tem interferência nenhuma na companhia, afirmou.
“O Brasil não tem como assumir nenhum tipo de compromisso nesse sentido por questões legais”, disse Albuquerque, em entrevista ao jornal O Globo, acrescentando: “Apesar de o País ser um dos dez maiores produtores de petróleo do mundo, toda a nossa atividade de produção está na mão de empresas.”
O ministro cita outros países, como Estados Unidos e Canadá, que, para ele, também não têm essa possibilidade legalmente.
Segundo fontes, o governo brasileiro estava sendo pressionado a participar do acordo costurado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para cortar a produção global de petróleo, de maneira a fazer subir o preço do produto em todo o mundo.
Corte de 10 milhões de barris
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e seus aliados concordaram em reduzir a produção em cerca de 10 milhões de barris por dia em maio e junho. O corte na produção pode fazer subir o preço do petróleo, diante da baixa demanda global para o produto.
O acordo provisório ocorreu após forte pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, e de parlamentares americanos, que temem milhares de perdas de empregos na área de xisto dos EUA (que tem extração mais cara). A queda nos preços também ameaçou a estabilidade de países dependentes de petróleo e forçou empresas do setor a controlar os gastos.
Bento Albuquerque lembra que, no Brasil, a Petrobras já reduziu em 200 mil barris sua produção diária de petróleo.
“Antes havia um mercado de petróleo dependente de como a economia no mundo transcorria, agora tem uma economia mundial em retração, o que leva a um excesso de oferta no mercado, tanto que a Petrobras já reduziu sua produção em 200 mil barris diários, porque ela não tem onde estocar petróleo e não tem demanda externa para compra do excedente. Ela reduziu naturalmente, na linha do que os maiores produtores estão fazendo”, disse o ministro.
Albuquerque participou nesta sexta-feira (10) de reunião de ministros de Minas e Energia do G-20 para discutir a situação do mercado mundial de petróleo.
“Quem vai definir isso no caso do Brasil é o mercado, como a Petrobras fez. As empresas vão ver de acordo com o mercado delas”, acrescentou o ministro.
No domingo (5), o ministro brasileiro conversou com o seu homólogo da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman Al Saud. Ele também teve uma longa reunião na terça-feira (7) com o secretário de Energia dos Estados Unidos, Dan Brouillette, para discutir o assunto.